'Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?' (Jeremias 17:9)
I. 'O coração do homem é desesperadamente mau'. Em considerando isto, nós não temos necessidade de nos referirmos a algum pecado em particular;
II. Nós podemos, em Segundo Lugar, considerar isto – a aparência enganosa do coração humano; 'ele é enganoso, acima de todas as coisas';
III. 'Aquele que confia em seu próprio coração é um tolo', porque quem que fosse sábio iria confiar em alguém que ele sabe ser 'desesperadamente mau?'.
1. A maioria dos mais eminentes dos antigos pagãos nos deixou muitos testemunhos disto. Foi, decerto, a opinião comum deles, a de que houve um tempo, em que os homens, em geral, eram virtuosos e felizes; o que eles denominaram de 'idade do ouro'. E o relato disto foi espalhado através de quase todas as nações. Mas igualmente se acreditou que essa época feliz tinha se expirado, muitos anos atrás: e que os homens estão agora, no meio da 'idade do ferro'. Do início desta, diz o poeta -
1. A maioria dos mais eminentes dos antigos pagãos nos deixou muitos testemunhos disto. Foi, decerto, a opinião comum deles, a de que houve um tempo, em que os homens, em geral, eram virtuosos e felizes; o que eles denominaram de 'idade do ouro'. E o relato disto foi espalhado através de quase todas as nações. Mas igualmente se acreditou que essa época feliz tinha se expirado, muitos anos atrás: e que os homens estão agora, no meio da 'idade do ferro'. Do início desta, diz o poeta -
Imediatamente, entraram à força,
Em abundância, toda a maldade e pecado:
Vergonha, verdade, fidelidade, desapareceram rapidamente;
E a abominável sede do ouro suportou domínio, sem resistência.
3. Proximamente relatado a eles foram os sentimentos de um cavalheiro engenhoso que, sendo perguntado, 'Meu senhor, o que você pensa da Bíblia?', respondeu, 'Eu penso que é o livro mais excelente que eu li na minha vida. Apenas aquela parte que indica uma forma mediadora, eu não entendo; já que eu não aceito que exista alguma necessidade de um Mediador entre Deus e o homem. De fato', continuou ele, 'se eu fosse um pecador, então, eu necessitaria de um Mediador; mas eu não imagino que eu seja. É verdade que eu freqüentemente ajo de maneira errada, por falta de mais entendimento: E eu freqüentemente sinto temperamentos errados; particularmente, ira; mas eu não posso permitir que isto seja um pecado; porque ela depende do movimento do meu sangue e força vital, que eu não posso ajudar. Entretanto, ela não pode ser um pecado; ou, se for, a culpa deve cair, não em mim, mas naquele que me fez'. Os próprios sentimentos do devoto Lorde Kames, e do modesto Sr. Hume!
4. Algum tempo atrás, uma senhora caridosa descobriu que havia nenhum pecador no mundo, a não ser o diabo. 'Porque', ela disse, 'ele força os homens a agirem como eles agem; portanto, eles não são os responsáveis: A culpa é de satanás'. Mas, algumas mais dessas senhoras cultas descobriram que 'não existe pecador no mundo, a não ser Deus! Porque Ele força os homens a pensarem, falarem, e agirem como eles fazem; portanto, a culpa é de Deus apenas'. Satanás, fora! Pode-se duvidar, se mesmo ele, alguma vez, afirmou uma blasfêmia tão imbecil, quanto esta!
5. Mas, o que quer que os infiéis não batizados ou batizados possam dizer, com respeito à inocência da humanidade, Ele que fez o homem, e que melhor conhece o que Ele fez, dá uma consideração muito diferente dele. Ele nos informa que 'o coração do homem', de toda humanidade, de todo o homem nascido no mundo, 'é desesperadamente mau'; e que é 'enganoso acima de todas as coisas'. De modo que podemos bem perguntar, 'Como nós podemos saber isto?'.
I
1. Para começar com isto: 'O coração do homem é desesperadamente mau'. Em considerando isto, nós não precisamos nos referir a algum pecado, em particular; (esses não são mais do que folhas, ou, quando muito, os frutos, que brotam daquela árvore má); mas, antes, à raiz geral de tudo. Veja como isto foi primeiro plantado no próprio céu, por Lúcifer, o filho da manhã'; — até, então, sem dúvida, 'um dos principais, se não, o principal arcanjo': 'Tu dizes, Eu ficarei no lado norte'. Veja a vontade própria, a Primogênita de Satanás! 'Eu serei como o Altíssimo!'. Veja o orgulho, o irmão gêmeo da vontade própria. Aqui estava a origem verdadeira do mal. Daqui veio a inundação inesgotável de maldades sobre a terra. Quando Satanás, uma vez, infiltrou sua própria obstinação e orgulho nos pais da humanidade, junto com uma nova espécie de pecado, — amor ao mundo; o amar a criatura, acima do Criador, — toda forma de maldade logo entrou de roldão; toda descrença e iniqüidade; disparando em crimes de toda sorte; logo cobriram toda a face da terra, com toda maneira de abominações. Seria uma tarefa infinita enumerar todas as monstruosidades que se irromperam. Agora, todos os reservatórios do grande abismo foram abertos, e a terra logo se tornou um campo de sangue: Vingança, crueldade, ambição, com todas as sortes de injustiça; todas as espécies de ofensas, públicas ou privadas, propagaram-se, por toda a terra. Injustiça, em suas mil formas; ódio; inveja; malícia; sede de sangue, com todo o tipo de falsidade, cavalgaram triunfantes; até que o Criador, olhando dos céus para a terra, não mais poderia suplicar, por uma raça incorrigível, mas a varreria da face da terra. Mas quão poucos das gerações seguintes foram melhorados, através desse julgamento severo! Eles que viveram, depois do dilúvio, não pareceram ter sido uma partícula melhor do que aqueles que viveram antes deles; provavelmente, antes que Noé fosse removido da terra, toda iniqüidade prevaleceu como antes.
2. Mas não existe um Deus no mundo? Sem dúvida, que existe: E é 'Ele que nos fez; não nós mesmos'. Ele nos fez gratuitamente, de sua própria misericórdia; já que não merecíamos coisa alguma dele, antes que tivéssemos existido. Foi de sua misericórdia que Ele nos fez, afinal; que Ele nos fez criaturas conscientes, racionais, e, acima de tudo, suscetíveis de Deus. E é isto, e tão somente isto, que estabelece a diferença essencial entre os homens e os animais. Mas, se Ele nos fez, e nos deu tudo o que temos; se nós devemos tudo que somos e temos a Ele; então, certamente, Ele tem direto sobre tudo que somos e temos, — ao nosso amor e obediência. Em todas as épocas e nações, os muitos que acreditaram em si mesmos, têm reconhecido serem suas criaturas. Mas, alguns poucos anos atrás, eu soube que um homem confessou francamente: 'Eu nunca pude entender que, porque Deus nos criou, isto deu a Ele alguma propriedade de governo sobre nós; ou que, por que Ele nos criou, isto nos colocou, debaixo da obrigação de submetermos a Ele a nossa obediência'. Eu penso que o Dr. Hutcheson foi o primeiro homem que nunca teve qualquer dúvida disto; que nunca duvidou, muito menos negou, que a criatura fosse obrigada a obedecer a seu Criador. Se Satanás, alguma vez, cogitou esse pensamento (não que ele provavelmente tenha feito), não seria de se admirar que ele pudesse rebelar-se contra Deus, e fazer surgir uma guerra no céu. E conseqüentemente, os inimigos poderiam se erguer contra Deus, no coração dos homens também; juntamente com todas as ramificações da descrença, que aflui disto até hoje. Por esta razão, surgiria naturalmente a negligência de toda obrigação que devemos a Ele como nosso Criador, e todas as paixões e esperanças, que são diretamente opostas a toda tal obrigação.
3. Do diabo, o espírito da independência, da vontade própria, e orgulho, produtivos de toda descrença e iniqüidade, rapidamente se infiltraram nos corações de nossos primeiros pais no paraíso. Depois de eles terem comido da árvore do conhecimento, a maldade e miséria de todo tipo invadiram, como uma maré cheia, sobre a terra, alienando-nos de Deus, dando passagem para tudo o mais. Ateísmo (agora modernamente chamado de dissipação) e idolatria; amor ao mundo; buscando felicidade nesta ou naquela criatura, cobriram a terra toda.
4. Seria um trabalho infinito enumerar todas as espécies de maldades, se no pensamento, palavra ou ação, que agora cobrem a terra, em cada nação, cidade e família. Todas centram nisto, — ateísmo, ou idolatria; orgulho, tanto pensando sobre si mesmos mais do que deveriam pensar; ou se gloriando por alguma coisa que tenham recebido, mesmo embora não a tenham recebido; independência e vontade própria, — fazendo a sua própria, não a vontade Dele que os fez. Acrescente a isto, buscar felicidade fora de Deus, gratificando o desejo da carne, o desejo dos olhos, e o orgulho da vida. A verdade melancólica disto, é que, (exceto, quando o Espírito de Deus faz a diferença) toda humanidade agora, assim como quatrocentos anos atrás, 'corrompeu seus caminhos, diante do Senhor; e toda imaginação do coração do homem é má, unicamente má, e isto continuamente'. Como quer que os homens possam diferir, em seus caminhos externos, (nos quais, indubitavelmente, existem milhares de diferenças), ainda assim, em sua raiz interna, no que se refere aos inimigos contra Deus - ateísmo, orgulho, vontade própria e idolatria, 'o coração do homem', de todo homem natural, é, na verdade, 'desesperadamente mau'.
5. Mas se este for o caso, como é que todos não estão conscientes disto? Por que, quem poderia 'saber das coisas de um homem, como o espírito de um homem que está nele?'. Como é, então, que tão poucos conhecem a si mesmos? Por esta razão simples: porque o coração não é apenas 'desesperadamente mau', mas 'enganoso acima de todas as coisas'. Tão enganoso, que nós podemos bem perguntar, Quem pode conhecê-lo?'. Quem, de fato, a não ser Deus que o fez? Pela Sua assistência, nós podemos, em Segundo Lugar, considerar isto, — a aparência enganosa do coração humano.
II
1. 'É enganoso, acima de todas as coisas'; ou seja, no mais alto grau, acima de tudo que podemos conceber. Tão enganoso, que a generalidade de homens estão continuamente enganando, tanto a si mesmos, quanto os outros. Quão estranhamente eles enganam a si mesmo, não conhecendo seus próprios temperamentos, assim como, caracteres; imaginando-se abundantemente melhores e mais sábios do que são! O poeta antigo supõe que não exista exceção à esta regra, — que nenhum homem está disposto a conhecer seu próprio coração'. Nenhum, a não ser aqueles que foram ensinados por Deus!
2. E se os homens enganam, assim, a si mesmos, não é de se admirar que eles enganem outros também, e que nós raramente encontremos 'um israelita, de fato, em quem não existe culpa?'. Ao inspecionar meus livros, alguns anos atrás, eu encontrei o seguinte memorando: 'Eu tenho hoje trinta anos de idade; até este dia, eu não me lembro de ter encontrado alguma pessoa desta idade, exceto na casa de meu pai, que não tenha usado de fraude, mais ou menos'.
3. Esta é uma das formas da maldade muito perigosa que se adere à natureza de cada homem, seguida dessas raízes férteis, — vontade própria, orgulho, e independência de Deus. Disto, brota toda espécie de vícios e perversidades; disto, todo pecado contra Deus, nosso próximo e nós mesmos. Contra Deus, — negligência e desprezo para com Ele, ao Seu nome, Seu dia, Sua palavra, Suas ordenanças; ateísmo de um lado, e idolatria do outro; em particular, o amor ao mundo, o desejo da carne, o desejo dos olhos, o orgulho da vida, o amor ao dinheiro, o amor ao poder, o amor ao ócio, o amor 'à honra que vem dos homens', o amar a criatura, mais que o Criador, o amar o prazer, mais do que amar a Deus: — Contra nosso próximo, — ingratidão, vingança, ódio, inveja, malícia, falta de caridade.
4. Conseqüentemente, existe no coração de cada filho do homem, uma reserva inesgotável de descrença e iniqüidade, tão profunda e fortemente enraizada na alma, que nada menos do que a graça do Todo-poderoso pode curar. Disto, naturalmente, surge uma colheita farta de todas as palavras e obras pecaminosas; e para completar o todo, aquele complexo de todas as maldades, — aquele monstro sórdido, a guerra, que nós encontramos, penetrando profundamente nas mais nobres obras da criação; que usa em vão a gloriosa imagem de seu Criador, desprivilegiados de ti!
Na seqüência desses monstros caídos, estão assassinato, adultério, roubo, violência, e crueldade de todo tipo. E todas essas abominações não são apenas encontradas nas regiões maometanas, ou pagãs, onde a prática horrenda deles pode parecer um resultado natural dos igualmente horrendos princípios; mas, em todas essas que são chamadas de regiões cristãs; sim, na maioria dos estados e reinos conhecidos e civilizados. E permita que não seja dito, 'Este é apenas o caso das regiões católicas romanas'. Não! Nós que somos chamados Reformados estamos absolutamente nada atrás deles, em todas as maneiras de maldade. De fato, nenhum crime prevaleceu, alguma vez, entre os turcos ou tártaros, que nós aqui não pudéssemos traçar um paralelo, em cada parte da Cristandade. Mais ainda, nenhum pecado, alguma vez, apareceu na Roma pagã, ou católica, que não fosse encontrado hoje, na Alemanha, França, Holanda, Inglaterra, e todas as outras regiões protestantes, assim como papistas. De modo que poderia ser dito agora, com muita verdade, e poucas exceções, de cada corte na Europa, assim como foi antigamente, na corte de Saul que: 'Não existe alguém que compreenda, e busque, segundo Deus'.
5. Mas não existe exceção, quanto à maldade do coração humano? Existe, nestes que são nascidos de Deus. (I João 3:9) 'Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus'. Deus tem 'purificado seu coração, pela fé', de modo que sua maldade é afastada dele. 'As velhas coisas se passaram, e todas as coisas' nele 'se tornaram novas'. De maneira que seu coração não mais é desesperadamente mau, mas 'renovado na retidão e verdadeira santidade'. Apenas que seja lembrado que o coração, mesmo de um crente, não é totalmente purificado, quando ele é justificado. Pecado é, então, subjugado, mas sua raiz não é arrancada; ele e dominado, mas não destruído. A experiência mostra a ele, primeiro, que as raízes do pecado, obstinação, orgulho, e idolatria, permanecem ainda no seu coração. Mas, por quanto tempo ele continua a vigiar e orar, nenhuma deles poderá prevalecer contra ele. A experiência o ensina, em segundo lugar, que o pecado (geralmente orgulho e vontade própria) aderem-se às suas melhores ações: assim, mesmo com respeito a esses, ele encontra absoluta necessidade pelo sangue da reconciliação.
6. Mas quão engenhosamente este dissimula a si mesmo, não apenas de outros, mas até mesmo de nós mesmos! Quem poderá descobrir isto, em todos os disfarces que ele assume, ou reconhecê-lo, através de todos os seus labirintos latentes? E, se é tão difícil conhecer o coração de um bom homem, quem poderá conhecer o coração de um homem perverso, que é muito mais enganoso? Nenhum homem pecaminoso, por mais consciente, por mais experiente, por mais sábio em sua geração. E, ainda assim, esses são os que se vangloriam de 'conhecerem o mundo', e imaginam que eles vejam através de todos os homens. Alguém pode evidentemente dizer que eles 'mesmo assim, sabem nada do que deveriam saber'. Nem mesmo aquele político, no recente reinado, conhecia o seu próprio coração, ou de outros homens, cujas palavras favoritas foram: 'Não me fale de sua virtude, ou religião: Eu lhe digo que todo homem tem seu preço'. Sim, Sir Robert; todo homem como você; todo aquele que vende a si mesmo ao diabo!
7. Aquele pobre honorável, comparado a quem, o Sr. Robert foi um santo, conhecia o coração do homem, — ele que tão honestamente avisou seu próprio filho, para 'nunca falar a verdade; mas para mentir ou dissimular, tão freqüentemente, quanto ele fala, e usar de máscara continuamente?'; que sinceramente aconselhou a ele 'não debochar de mulheres solteiras', (porque algumas inconveniências poderiam se seguir), 'mas sempre de mulheres casadas?'. Alguém poderia imaginar que esse animal rastejante tivesse alguma vez uma esposa ou uma sua filha casada? O extraordinário Lorde Chesterfield! Algum homem mereceu, tanto assim, embora ele fosse um fidalgo do reino, morrer ao lado de Newgate? Ou algum livro mereceu ser assim queimado pelo carrasco público, como suas Cartas? O Sr. David Hume, o mais baixo, se possível, do que qualquer um dos precedentes, conhecia o coração do homem? Não mais do que um verme ou um besouro. Depois de 'brincar, tão indolentemente, com os dados da morte', você o considera agora um assunto engraçado? O que você pensa agora de Caronte [barqueiro da mitologia]? Ele atravessou você por sobre o Estige [rio ou lago do inferno da mitologia grega]? Finalmente, Ele o ensina a conhecer um pouco de seu próprio coração! Por fim, você sabe que é uma coisa temerosa cair nas mãos do Deus vivo!
8. Um dos mais competentes campeões da infidelidade (talvez, o mais elegante, e o mais decente escritor que uma vez produziu um sistema de religião, sem de maneira alguma, ser obrigado recorrer à Bíblia para isto) desabafou, de todo o seu coração: 'Quem não desejaria que houvesse uma prova completa da revelação cristã, desde que ela é indubitavelmente o sistema mais benevolente que um dia apareceu no mundo!'. Ele não poderia acrescentar uma razão de alguma espécie — Porque sem isto, esse homem deve ser um mistério completo para si mesmo? Até mesmo com a ajuda da Revelação, ele conhece excessivamente pouco; mas sem ela, ele saberia abundantemente menos, e nada com alguma certeza. Sem a luz, que nos é dada, através dos oráculos de Deus, como podemos reconciliar sua grandeza com sua vileza? Enquanto nós reconhecemos com Sir John Davies –
Eu sei que minha alma tem poder para saber todas as coisas, ainda assim, ela é cega e ignorante de tudo: Eu sei que sou um dos pequenos reis da natureza; ainda assim, a menor e mais vil de todas as coisas como servo.
9. Quem, por conseguinte, conhece os corações de todos os homens? Certamente, ninguém, a não ser Ele que os fez. Quem conhece seu próprio coração? Quem poderá dizer a profundidade de suas inimizades contra Deus? Quem conhece quão profundamente é mergulhar na natureza de Satanás?
III
1. Das considerações precedentes, podemos entender, Primeiro, que 'Ele que confia em seu próprio coração é um tolo?'. Porque, quem, que seja sábio, confiaria em alguém que soubesse ser 'desesperadamente mau?' — especialmente, alguém que ele soubesse, por milhares de experimentos, ser 'enganoso, acima de todas as coisas?'. O que podemos esperar, se nós ainda confiamos em um mentiroso e enganador conhecido, a não ser, para ser enganado e trapaceado no final?
2. Em Segundo Lugar, nós podemos inferir, disto, a verdade daquela outra reflexão de Salomão: 'Vê tu um homem que seja sábio aos seus próprios olhos? Existe mais esperança em um tolo do que nele'. Porque, a que distância da sabedoria deve estar aquele homem, daquele que nunca suspeitou da falta dela? E seu pensamento, sobre si mesmo, não irá impedi-lo de receber instrução de outros? Ele não estará apto a estar descontente na admoestação, e construir reprovação da censura? Ele não irá, portanto, estar menos pronto a receber instrução do que, até mesmo, aquele que tem um pequeno entendimento natural? Certamente, nenhum tolo é tão incapaz de correção, quanto alguém que se imagina sábio. Ele que supõe que não precisa de medico, dificilmente terá proveito em seu conselho.
3. Conseqüentemente, nós não podemos aprender, em Terceiro Lugar, a sabedoria daquela precaução, 'Que ele que pensa que assim se mantém, dê atenção, a fim de que não caia?'. Ou, para reproduzir o texto mais corretamente, 'Que ele que seguramente se mantém tome cuidado, a fim de que não caia?'. Por mais firmemente que ele possa se manter, de qualquer modo, ele ainda é um coração enganoso. Em quantas instâncias ele tem sido enganado, ainda! Suponha que ele não seja enganoso agora, isto quer dizer que ele nunca será? Ele não está sobre chão escorregadio? E ele não está cercado de armadilhas? Dentro das quais pode cair e não mais se erguer?
4. Não é sabedoria para ele que agora se mantém, continuamente clamar a Deus, 'Examine-me, Ó Senhor, e me prove; teste meus afetos e meu coração! Veja bem, se existe algum caminho de maldade em mim, e me conduza ao caminho da vida eterna? Tu somente, Ó Deus 'conheces os corações dos filhos dos homens': Ó, mostra-me de qual espírito sou feito, e não me deixe enganar minha própria alma! Não permita que eu 'pense sobre mim mesmo, mais altamente do que eu deveria pensar'. Mas me permita sempre 'pensar sobriamente, de acordo com o que tu tens me dado na medida da fé!'.
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