02/01/2018

Intimidade.


Por madame Guyon

A maioria dos cristãos não percebe que é chamada para uma relação mais profunda, interior, com o seu Senhor. Mas todos nós fomos chamados às profundezas de Cristo, tão certo como fomos chamados para a salvação".


A vida do devoto é como uma torrente que abre seu caminho descendo das altas montanhas aos vales e fendas da vida, passando por várias experiências, até finalmente chegar à experiência espiritual da morte (do ego). A partir daí, a torrente experimenta a ressurreição e uma vida de acordo com a vontade de Deus, enquanto ainda passa por vários estágios de refinamento. Por fim, a torrente encontra seu caminho em direção ao vasto, ilimitado oceano. Mesmo ai ,a torrente não torna-se totalmente unificada com o vasto oceano, até que mais uma vez, passe pelas relações finais com Deus.

Ao aproximar-se do Senhor, em oração, tenha o coração pleno de amor puro, um amor que nada procura para si próprio. Tenha um coração que nada retira do Senhor, mas que apenas quer agradá-Lo e fazer a sua vontade.

Receba pela fé o fato de que qualquer coisa que lhe aconteça é o desejo Dele para você, nesse momento. Quando for ao Senhor dessa maneira, verá que seu espírito estará em paz, não importando qual seja a sua condição. Os tempos de sequidão serão a mesma coisa que os tempos de abundância, porque você terá aprendido a amar a Deus somente porque você o Ama, não por causa de suas dádivas, nem mesmo por sentir sua presença.

Ó, que tu possas compreender a profundidade deste mistério e aprender os segredos da conduta de Deus, revelados às criancinhas, mas ocultos aos sábios e grandes deste mundo, que se consideram os conselheiros do Senhor, e capazes de investigar Seus métodos, e supõem que obtiveram essa divina sabedoria, oculta aos olhos de todos aqueles que vivem em si mesmos e estão envoltos em suas próprias obras. Quem, por um vivo engenho e elevadas faculdades, sobe ao Céu e pensa compreender a altura, profundidade e largura de Deus?"

Ó Tu, Manancial de Amor! Pareces de fato tão zeloso pela salvação dos que tens comprado que preferes o pecador ao justo! O pobre pecador, que se vê vil e miserável, é, por assim dizer, forçado a detestar-se a si mesmo; e, vendo que seu estado é tão horrível, ele se lança, em seu desespero, nos braços de seu Salvador, mergulha na fonte de cura e sai dela 'branco como a neve.

Jesus Cristo foi o primeiro a entrar nessa experiência. Foi o Chefe de todos os abandonados, mas não esteve isento do cativeiro. Portanto, é impossível que tu estejas isento. Lembra-te sempre de que agradou - lhe sair de todos os deleites que estavam ocultos no seio de Seu Pai para fazer-se o mais cativo de todos os homens. Lembra-te também que faz muito tempo que os patriarcas hebreus seguiram a mesma senda. Alegria, deleites… e cativeiro! Os primeiros crentes da nova aliança vieram e seguiu a ordem dos patriarcas e de seu Modelo divino, Jesus Cristo. Mas tu perguntarás: Por que todos  temos de passar por esse caminho? É para que todos cheguem ao ponto da infelicidade? Claro que não. O gozo é uma promessa na terra de Abraão, uma terra que está lá, além do cativeiro. Que terra é essa? Essa terra é possuir a Deus! Mas, ah, quanto há por fazer a fim de possuir essa terra! Há sofrimento que temos de conhecer!

Não se diz que não haja que atuar, senão que há que atuar em dependência do movimento da graça; a alma deve deixar-se mover pelo Espírito vivificante que há nela.
Não se trata de apartar-se do mundo, há que apartar-se de si mesmo.
Há que deixar que os homens pensem de nós o que queiram; não há que agradar os homens, senão a Deus.
A paz com Deus só pode ser perfeita mediante a total renúncia. Esta paz nos dá paz conosco mesmo e com o próximo.

 “A oração é o alimento da alma; quando nos privamos dela por nossa culpa, nos fazemos padecer fome a nós mesmos”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário