Por Russell P Shedd Pastor Batista
Antes
de Jesus ser preso, na noite em que foi traído por Judas, Ele falou
as seguintes palavras de encorajamento para seus discípulos:“Não
se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus, creiam também em
mim”(Jo
14:1, NVI). Quem não tem experimentado ansiedade e medo ao enfrentar
um futuro desconhecido que promete perigo e assombro? A insegurança
intensa e os temores horríveis fragilizam as emoções e perturbam o
coração.
Ameaças
físicas tiram a paz da pessoa ameaçada porque ela não pode
calcular a intensidade do sofrimento que virá. A imaginação age
como um carrasco desmontando a segurança da vida interior diante da
possibilidade de torturas ainda não sentidas. O sofrimento, que
somos incapazes de processar, aflige a alma com dores quase reais,
dores agudas e insuportáveis.
Perturbação
ocorre quando um médico anuncia tristemente que o câncer que devora
as células saudáveis não tem cura. Quais são os sentimentos que
desestabilizam o coração no momento em que um passageiro, olhando
pela janela de um jato transatlântico, vê um dos motores lançando
chamas e fumaça em cima do mar?
Marcos
informa que, na noite da traição, os discípulos fugiram (Jo
14:50), uma reação natural ao se confrontar com uma ameaça que
ultrapassa os recursos disponíveis ao coração. Pedro, mais
corajoso, acompanhou o desenvolvimento mantendo sua distância do
foco do perigo. Quando, porém, foi acusado repetidas vezes de ser
seguidor do réu, negou com veemência e juramentos, afirmando que
não era. Aí está mais uma maneira de se tentar escapar do perigo
assombroso.
Naquelas
horas em que o perigo mortal se aproximava, Jesus declarou: “Não
se perturbe o seu coração; creiam!”. Quando a mais adequada
escapatória for negar, jurar inocência e fugir para se esconder, é
bom ouvir do Senhor: “Não se perturbe o coração”. O escudo
para o crente fiel continua sendo “Creia”.
Crer,
no sentido empregado por Jesus, significa confiar na soberania Dele e
na todo-poderosa transformação da ameaça em bênção. Crer em
Cristo significa confiar Naquele que, de sua espontânea vontade,
aceitou a cruz e todas as agonias inconcebíveis da morte do Filho
perfeito. O profeta Isaías relatou esta verdade:“Meu
servo justo justificará muitos e levará a iniquidade deles”(53:11,
NVI). Os piores e mais terríveis sofrimentos que a vida ou a morte
podem lançar sobre nós foram levados pelo nosso substituto
divino.“Ele
foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa
justificação”(Rm
4:25). É essencial que creiamos nesta verdade para nos beneficiarmos
deste recurso eterno.
“O
aguilhão da morte é o pecado”,
disse Paulo (1 Co 15:26), mas se Jesus tomou sobre si o castigo de
nosso pecado, que sofrimento sobrará para justificar os nossos
temores? Receber pela fé esse preciosismo deve anular a ansiedade e
o medo. Logo em seguida, após a ressurreição de Jesus, Pedro
mostrou uma invejável segurança e coragem. Acusou os judeus na
mesma cidade em que Jesus foi condenado e crucificado.“Vocês”,
disse ele,“com
a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz”(At
2:23b, NVI). O que mudou nesse discípulo amedrontado, que buscava
com juramentos negar sua passada intimidade com Jesus?
“Mantenha
a si em paz, primeiro”, disse o sábio Thomas a Kempis, “e então
você poderá pacificar outras pessoas. O homem pacífico realiza
mais bem do que aquele que é erudito… O homem bom, pacífico, vira
todas as coisas para o bem” (A Imitação de Cristo, Shedd
Publicações, p. 62).
Mas
o caminho da paz depende da fé em Deus e no Senhor Jesus, que passou
pelo vale profundo da morte e falou para seus seguidores:“Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como a dá o mundo. Não
se turbe o vosso coração, nem se atemorize”(Jo
14:27, RA).
Paulo
descreve essa paz que excede todo entendimento como “fruto do
espírito”, junto com o amor e a alegria (Gl 5:22). Não se compara
com a paz que conversas com um psicólogo possam prover nem uma
solução inesperada para uma ameaça sombria. Se um dos maiores
males que afligem a civilização ocidental hoje é o estresse,
resultando em depressão, vale a pena atender a recomendação de
Jesus Cristo:“Não
se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus, creiam também em
mim!”.
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