Por Reverendo John Wesley
Dublin, 02 de Julho de 1789.
"Acaso não há bálsamo em Gileard,
não há médicos? Por que, então, a saúde da filha de meu povo não foi
curada?".
(Jer. 8:22)
1. Essa questão, como aqui proposta
pelo Profeta, relaciona-se apenas a um povo particular – os filhos de Israel.
Mas eu poderia aqui considerar isso, em um sentido geral, com relação a toda a
humanidade. Eu poderia seriamente inquirir, Por que o Cristianismo tem feito
tão pouco bem, no mundo? Ele não é o bálsamo, os meios exteriores, que os
grandes médicos têm dado aos homens, para restaurar a saúde espiritual
deles? Por que, então, ela não é restaurada? Você diz, Por causa da
corrupção profunda e universal da natureza humana. A maioria verdade, mas aqui
a mesma dificuldade. Não foi pretendido, por nosso Onisciente e Poderoso
Criador ser o remédio para a corrupção? O remédio universal, para o mal
universal? Mas ela não respondeu a essa intenção nunca, e não responde a ela,
até hoje. O mal ainda permanece, em toda a sua força. Maldade de todo o tipo;
vícios, interiores e exteriores, em todas as suas formas, ainda se espalham na
face da terra.
2. Ó, Senhor Deus, "justo és tu!
Deixe-nos, ainda, pleitear contigo". Como é isso? Tens tu esquecido-te do
mundo que tu fizeste, e que tu tens criado apenas para tua própria
glória? Podes tu desprezar o trabalho de tuas próprias mãos; a aquisição
pelo sangue de teu Filho? Tu tens dado remédio para curar nossa doença, ainda
assim, nossa doença não é curada. Ainda a escuridão cobre a terra, e escuridão
densa as pessoas; sim, escuridão tal como os demônios sentem, e que escapam das
profundezas do inferno.
3. Que mistério é esse, para que o
Cristianismo possa ter feito tão pouco bem no mundo? Pode algum relato disso
ser dado? Podem algumas razões ser afirmadas para isso? Não parece que uma
razão para que ele tenha feito tão pouco bem é essa, — porque ele é tão pouco
conhecido? Certamente ele poder ter feito nenhum bem, onde ele não é conhecido.
Mas ele não é conhecido, até esse dia, pela maior parte dos habitantes da
terra? No último século, nosso compatriota engenhoso e laborioso, Brerewood,
viajou por grande parte do mundo conhecido, com o propósito de inquirir, tão
longe quanto possível, em que proporção, os cristãos suportam os ateus e Maometanos.
E, de acordo com seu cálculo, (provavelmente, o mais acurado que tenha sido
feto), eu suponho que a humanidade possa ser dividida em trinta partes.
Dezenove partes dessas são ainda ateus fechados, tendo não mais conhecimento do
Cristianismo, do que as bestas que perecem. E nós podemos acrescentar, a essas,
as numerosas nações, as quais têm sido descobertas, no presente século.
Acrescentar, a essas, tais como as que professam a religião Maometana, e que
rejeitam, extremamente, o Cristianismo. De modo que, cinco partes, da
humanidade, fora das seis, são totalmente ignorantes do Cristianismo. É,
entretanto, nenhuma surpresa que cinco, em seis, da humanidade; talvez, nove,
em dez, têm nenhuma vantagem dele.
4. Mas por que tão pouca vantagem é
derivada do mundo cristão? Não é algum cristão melhor do que os outros homens?
Não é melhor do que os ateus e os Maometanos? Para dizer a verdade, ele é
igual, se não; pior; pior do que tanto os Maometanos quanto os ateus. Em muitos
casos, é, abundantemente, pior; mas, então, estes não são, propriamente,
cristãos. A generalidade desses, embora use o nome cristão, não sabe o que é o
Cristianismo. Ela não mais entende dele, do que o faz do grego ou hebreu; dessa
forma, não pode ser melhor por isso. O que os cristãos (assim chamados) - da
igreja oriental - dispersos, através dos domínios turcos, conhecem do genuíno
Cristianismo: Esses da Morea, do Cáucaso, Mongrelia, Geórgia? Não são
essas pessoas as próprias escórias da humanidade? E nós não temos razão para
pensar que esses da igreja do sul; esses habitantes da Abissínia têm alguma
concepção a mais do que eles, da "adoração de Deus, em espírito e
verdade?" Vamos olhar aqui perto de casa. Veja as igrejas do oroente;
aquelas que estão sob o patriarca de Moscou. Quão, excessivamente, pouco eles
conhecem do Cristianismo externo ou interno. Quantos milhares, sim, miríades
desses pobres selvagens sabem nada do Cristianismo, a não ser o nome! Quão
pouco mais eles sabem do que os ateus Tártaros, de um lado, ou os ateus
Chineses do outro!
5. Mas não é o Cristianismo, pelo
menos, bem conhecido, por todos os habitantes do mundo ocidental? A grande
parte do qual é, eminentemente, denominada Cristandade, ou a terra dos
cristãos? Parte desses são ainda membros da igreja de Roma; parte é denominada
Protestante. Como para os primeiros, Portugueses, Espanhóis, Italianos,
Franceses, Germanos, o que grande massa deles conhecem das Escrituras Cristãs?
Tendo tido oportunidade freqüente de conversar com muitos desses, em casa ou no
exterior, eu tenho a audácia de afirmar que eles são, em geral, totalmente,
ignorantes, tanto como para a teoria e prática do Cristianismo, de modo que
eles perecem, aos milhares, por "falta de conhecimento" – pela
necessidade de conhecerem os primeiros princípios do Cristianismo.
6. "Mas, certamente, esse não é o
caso dos Protestantes na França, Suíça, Alemanha, e Holanda, muito menos, na
Dinamarca e Suécia". Realmente, eu espero que, nem todos juntos. Eu estou
persuadido que existem, entre eles, muitos que conhecem o Cristianismo; mas
temo que não devemos pensar que um, em dez; se um, em cinqüenta, é desse
número; certamente, não, se nós podemos formar um julgamento sobre eles, por
aqueles que nós encontramos na Grã Bretanha e Irlanda. Vamos ver de que maneira
situa-se em nossa própria porta. As pessoas na Inglaterra, em geral, (não da
classe mais alta ou mais baixa, porque esses usualmente conhecem nada do
assunto, mas as pessoas de classe média), entendem o Cristianismo? Eles
imaginam o que é isso? Eles podem dar um relato inteligente, tanto da parte
especulativa, como prática dele? O que eles sabem dos primeiros princípios
dele? — Dos atributos naturais e morais de Deus; da sua providência particular;
da redenção do homem; dos ofícios divinos de Cristo; das operações do Espírito
Santo; da justificação; Do novo nascimento; da santificação interior e
exterior? Experimente falar alguma, dessas coisas, às primeiras dez pessoas que
estiverem em sua companhia; e você não irá encontrar nove delas totalmente
ignorante de toda a questão? E não é a maioria dos habitantes da Alta Escócia,
inteiramente, tão ignorante, quanto essas; sim, e as pessoas comuns da Irlanda?
(eu digo, os Protestantes, dos quais, tão somente, estamos agora falando). Faça
uma inquisição justa; não apenas, nas choupanas do interior, mas, nas cidades
de Cork, Waterford, Limerick; sim, e mesmo em Dublin. Quão poucos conhecem o
que o Cristianismo significa! Quão pequeno número você irá encontrar, que tem
qualquer concepção da analogia da fé! Das algemas das verdades Bíblicas,
e a relação delas, umas com as outras, — ou seja, a corrupção natural do homem;
justificação pela fé; o novo nascimento; santidade interior e exterior. Isso
deve ser conhecido por todos os juízes competentes, que conversem livremente
com seu próximo, nesses reinos; e que uma vasta maioria deles sabe não mais
dessas coisas do que eles conhecem de Hebraico ou Árabe. E que bem pode o
Cristianismo fazer a esses, que são totalmente ignorantes dele?
7. Embora, em algumas partes, tanto na
Inglaterra como na Irlanda, o Cristianismo Bíblico seja bem conhecido;
especialmente, em Londres, Bristol, Dublin, e quase todas as mais populosas
cidades e regiões de ambos os reinos. Nesses, cada ramo do Cristianismo é
declarado, abertamente e largamente; e milhares em milhares, continuamente,
ouvem e recebem, "a verdade que está em Jesus". Por que, então, mesmo
nessas partes, o Cristianismo tem tido tão pouco efeito? Por que a generalidade
das pessoas, em todas essas partes, ainda é atéia? Não melhor do que os ateus
da África, ou América, tanto no seu temperamento quanto na sua vida? Agora,
como é isso calculado? Eu concedo, assim: Há uma palavra comum, entre os
cristãos, na igreja primitiva: "A alma e o corpo fazem um homem; o
espírito e a disciplina fazem um cristão"; implicando que ninguém pode ser
um cristão real, sem a ajuda da disciplina cristã. Mas, se for assim, é para se
surpreender que nós encontramos tão poucos cristãos; onde existe disciplina
cristã? Agora, qualquer que seja a doutrina pregada, onde não há disciplina,
não poderá haver efeito completo, nos ouvintes.
8. Para trazer a matéria mais para
perto, ainda. Não é o Cristianismo Bíblico pregado e geralmente conhecido entre
as pessoas comumente chamadas Metodistas? Pessoas imparciais permitem que seja.
E elas não têm a disciplina cristã também, em todos os ramos essenciais dele,
regularmente e constantemente, exercitada? Deixe aqueles que pensam que alguma
parte essencial dela é insuficiente, chamarem a atenção, para ela; e ela não
deverá ser insuficiente, por muito tempo. Por que, então, não são cristãos, os
que têm tanto a doutrina como a disciplina cristã? Por que não é a saúde
espiritual das pessoas chamadas Metodistas, recuperada? Por que não está toda
essa mente em nós, a qual também está em Jesus Cristo? Por que nós não temos
aprendido dele, nossa primeira lição, para sermos mansos e humilde de coração?
Para dizer com ele, em todas as circunstâncias da vida: Não como eu desejo, mas
como tu desejas? Eu não vim para fazer a minha vontade, mas para fazer a
vontade Dele que me enviou. Por que nós não estamos crucificados para o mundo,
e o mundo crucificado para nós; mortos, para o desejo da carne, o desejo dos
olhos, e o orgulho da vida? Por que todos não vivemos a vida que está oculta
com Cristo em Deus? Por que nós que temos todas as ajudas possíveis, não
caminhamos como Cristo tem caminhado? Ele não nos deixou um exemplo de que nós
devemos seguir as suas pisaduras? Mas nós não guardamos tanto seu exemplo,
quanto a sua prescrição? Para exemplificar apenas um ponto: Quem considera
essas palavras solenes: "Não deite você mesmo tesouros na terra?" Das
três regras as quais estão colocadas no título, do sermão sobre "O
Espírito de Cobiça da Iniqüidade", você pode encontrar muitos que observam
a primeira regra, ou seja, "Ganhe tudo o que puder". Você pode
encontrar poucos que observam a segunda: "Economize tudo o que
puder": Mas, quantos, você tem encontrado que observa a terceira regra:
"Dê tudo o que você puder?" Você tem alguma razão para acreditar que
quinhentos desses podem ser encontrados, entre cinqüenta mil Metodistas? E
nada, ainda, pode ser mais claro, do que todos aqueles que observam as duas
primeiras regras, sem observar a terceira, serão duas vezes mais filhos do
inferno do que eles haviam sido antes.
9. Ó, que Deus possa me capacitar, uma
vez mais, antes que eu me vá, daqui, e não seja mais visto, para erguer minha
voz, como um trompete, para aqueles que ganham e economizam tudo que podem, mas
não dão tudo que podem! Vocês são os homens, alguns dos principais homens que
continuamente afligem o Espírito Santo, e em grande medida, interrompem sua
influência graciosa de descer em nossas assembléias.Muitos de nossos irmãos,
amados de Deus, não têm comida para comer; eles não têm vestimenta para colocar;
eles não têm um lugar onde deitar a cabeça. E por que eles estão assim
desamparados?Porque você, impiedosamente, injustamente, e cruelmente, detém
deles o que o seu Senhor hospeda em suas mãos, de propósito, para que você
supra as necessidades deles.Veja os membros pobres de Cristo beliscando com
fome, resfriando-se com frio, seminus! Enquanto isso, você tem muito dos bens
materiais, — para comer, beber e vestir. Em nome de Deus, o que você está
fazendo? Você nem teme a Deus, nem cuida do homem? Porque você não divide o seu
pão com o faminto, e cobre o nu? Você tem gasto, em seu próprio vestuário caro,
o que teria respondido ambas essas intenções? Deus mandou você fazer dessa
maneira? Ele aprova você, por fazer assim? Ele confiou a você os dele (não
os seus) bens, para essa finalidade? E ele diz agora, "Servo de Deus, bem
feito!". Você bem sabe que não! Essa ineficiente despesa não tem
aprovação, tanto de Deus, quanto da sua própria consciência! Mas você diz que
não pode dar-se ao luxo disso! Oh! Envergonhe-se de ter tão miserável
contra-senso em sua boca! Nunca mais espalhe tal hipocrisia estúpida; tal
absurdidade palpável! Pode algum mordomo dar-se ao luxo de ser um patife
completo, para gastar os bens de seu Senhor? Pode algum servo dar-se ao luxo de
gastar todo o dinheiro de seu Senhor; algum, de outro modo, do que seu Senhor
designou para ele? Quem quer que assim proceda, deve ser excluído de uma
sociedade cristã.
10. Mas é possível suprir todos os
pobres, em nossa Sociedade, com as coisas necessárias à vida? Foi possível, uma
vez, fazer isso, em uma Sociedade maior do que essa. Na primeira igreja de
Jerusalém, não havia alguém, entre eles, que passava necessidade; mas a
distribuição era feita para cada um, de acordo com o que precisava. E nós temos
provas completas de que é possível se fazer dessa forma. É assim, entre o povo
chamado Quakers. Sim! Entre os Morávios, assim chamados. E por que não poderia
ser conosco? Porque eles são dez vezes mais ricos do que nós? Talvez, cinqüenta
vezes! E ainda assim, nós somos capazes, o suficiente, se nós temos,
igualmente, boa-vontade para fazer isso! Um cavalheiro (um Metodista) disse-me
alguns anos atrás: "Eu devo deixar quarenta mil livras entre meus
filhos". Agora, suponha que ele deixasse para eles vinte mil, e desse os
outros vinte mil, para Deus e para o pobre, poderia Deus dizer a ele: "Tu,
tolo?". E isso colocaria toda a Sociedade acima das necessidades.
11. Mas eu não irei falar, em dar para
Deus, ou deixar metade de sua fortuna. Você pensaria que é um preço muito alto
para o céu. Eu virei para condições menores. Não existem alguns poucos, entre
vocês, que podem dar cem libras; talvez, alguns que podem dar mil; e, ainda,
deixar para seus filhos, tanto quanto os auxiliaria trabalhar para a própria
salvação deles? Com duas mil libras, e não, muito menos, podemos suprir as
necessidades presentes de todos os nossos pobres, e colocá-los, em um caminho,
para que possam suprir as próprias carências para o tempo vindouro. Agora,
suponha que isso possa ser assim; nós somos transparentes, diante de Deus,
enquanto isso não é feito? Não é a negligência disso uma das causas porque
muitos ainda estão doentes e fracos, entre vocês; de alma e corpo? Que eles
ainda afligem o Espírito Santo, por preferirem as modas do mundo, aos
mandamentos de Deus? E eu, muitas vezes, duvido, se não é uma espécie de
inclinação. Eu duvido, se não é um grande pecado, mantê-los em nossa Sociedade.
Não pode ferir a alma deles, por encorajá-los a perseverar, em um caminho,
contrário à Bíblia? E não pode, em alguma medida, interceptar as influências
salutares do Espírito abençoado, em toda a comunidade?
12. Eu estou angustiado por não saber o
que fazer. Eu vejo o que eu poderia ter feito uma vez. Eu devia ter dito, em
caráter autoritário, e expressamente: "Aqui eu estou. Eu e minha Bíblia.
Eu não irei, eu não ousarei, mudar desse livro, coisa grande ou pequena. Eu não
tenho poder para dispensar um jota ou um til do que esteja contido aqui. Eu
estou determinado a ser um Cristão Bíblico; não quase, mas, totalmente. Quem
irá me encontrar, nesse terreno, junte-se a mim nisso, ou não se junte,
afinal!". Com respeito ao vestir, em particular, eu poderia ter sido tão
firme (e eu agora vejo que eu poderia ter sido, bem melhor), quanto qualquer
uma das pessoas chamadas Quakers, ou Irmãos Morávios: — Eu deveria ter dito:
"Essa é a nossa maneira de nos vestir, que nós sabemos é bíblica e
racional. Se você se juntar a nós, você terá que se vestir como nós; mas você
não precisa juntar-se a nós, a menos que isso o agrade". Mas, ai de mim! O
tempo passou, e o que eu poderia fazer agora, eu não posso dizer!
13. Mas, retornando à questão
principal. Por que o Cristianismo tem feito tão pouco bem, mesmo entre nós?
Entre os Metodistas? Entre eles que ouvem e recebem a completa doutrina cristã,
e que têm a disciplina cristã acrescida para isso, nas partes mais essenciais
dela? Principalmente, porque nós temos esquecido, ou, pelo menos, não
devidamente, atendido àquelas palavras solenes de Nosso Senhor: "Se algum
homem buscar a mim, que negue a si mesmo, tome sua cruz diariamente, e
siga-me". Esse foi o comentário de um homem santo, diversos anos atrás:
"Nunca houve diante das pessoas, na igreja cristã, quem tivesse tanto do
poder de Deus, entre eles, com tão pouca abnegação!". De fato, o trabalho
de Deus segue em frente, e de uma maneira surpreendente, não obstante esse
defeito fundamental, mas ele não poderá seguir, da mesma forma, como ele, de
outro modo poderia; nem pode a palavra de Deus ter um efeito completo, a menos
que os ouvintes "negam a si mesmos, e carreguem a sua cruz
diariamente".
14. Seria fácil mostrar, como, em
muitos aspectos, os Metodistas, em geral, estão, deploravelmente, necessitados
da prática da abnegação cristã; da qual, de fato, eles têm sido, continuamente,
amedrontados, pelos tolos gritos dos Antinomianos. (doutrina de que, pela fé e
a graça de Deus anunciadas no Evangelho, os cristãos são libertados, não só da
lei de Moisés, mas de todo o legalismo e padrões morais de qualquer cultura).
Para citar apenas um exemplo: Enquanto nós estávamos em Oxford, a regra de todo
Metodista era (a menos, no caso de doença), jejuar toda quarta e sexta-feira,
no ano, imitando a igreja primitiva, pela qual eles tinham o maior respeito.
Agora, essa prática da igreja primitiva é universalmente aceita. "Quem não
sabe", diz Epiphanius, um escritor antigo, "que os jejuns, no quarto
e sexto dia da semana" (quarta e sexta-feira) "são observados pelos
cristãos, através do mundo todo?". Por isso, eles também eram observados,
pelos Metodistas, por diversos anos; por todos eles, sem exceção; mas, depois disso,
alguns em Londres, levaram isso ao excesso, e jejuaram tanto, que prejudicaram
a própria saúde. Não muito tempo antes, de outros terem feito disso um pretexto
para não jejuarem, afinal. E eu temo que existem hoje, milhares de Metodistas,
assim chamados, na Inglaterra e Irlanda, que, seguindo o mesmo mau exemplo, têm
deixado, inteiramente, de jejuar; quem, longe de jejuar, três vezes na semana
(como todos os mais severos fariseus fazem), jejuam não mais do que duas vezes,
no mês. Sim. E não há alguns, entre vocês, que não jejuam um dia sequer, do
começo ao fim do ano? Mas qual desculpa pode existir para isso? Eu não digo
para aqueles que se autodenominam membros da igreja da Inglaterra; mas para
alguns que professam acreditar que a Escritura seja a Palavra de Deus. Mesmo
porque, de acordo com isso, o homem que nunca jejua, não está mais no caminho
dos céus, do que aquele que nunca ora.
15. Mas pode qualquer um negar que os
membros da Igreja da Escócia jejuam, constantemente, particularmente, nas suas
ocasiões sacramentais? Em algumas paróquias, eles repetem, apenas uma vez ao
ano; mas em outras, supõe-se, nas grandes cidades, elas ocorrem duas, ou mesmo
três vezes ao ano. Agora, é bem sabido que existe sempre um dia de jejum, na
semana, precedendo a administração da Ceia do Senhor. Mas, ocasionalmente,
verificando um livro de relatos, em uma de suas Assembléias Comunais, eu
observei tantos se sentando para os jantares dos Ministros, no dia de jejum, e
estou informado que há o mesmo artigo nelas todas. E existe alguma dúvida, a
não ser que as pessoas jejuem justamente como seus Ministros fazem? Mas que
farsa é esta! Que paródia desprezível encima de uma evidente obrigação cristã!
Ó, que a Assembléia Geral teria a consideração de honrar a sua nação! Permita
que eles rolem para fora dela, essa repreensão vergonhosa, impondo o dever, ou
removendo aquele artigo de seus livros. Não permita que ele apareça lá, nunca
mais. Deixe desaparecer, para sempre.
16. Mas por que essa abnegação, em
geral, é tão pouco praticada, no momento, entre os Metodistas? Por que é tão
pouco dela encontrada, mesmo nas Sociedades mais antigas e maiores? Quanto mais
eu observo e considero coisas, mais, claramente, aparece qual é a causa disso,
em Londres, em Bristol, em Birmingham, em Manchester, em Leeds, em Dublin, em
Cork. Os Metodistas ficaram mais e mais comodistas, porque eles ficaram ricos.
Embora muitos deles ainda estejam em miséria deplorável ("não diga isso,
em Gath; não publique isso, nas ruas de Asquelom!"), ainda assim, muitos
outros, num espaço de vinte, trinta, quarenta anos, estão vinte trinta, sim,
cem vezes mais ricos do que eles eram, quando eles primeiro entraram na
Sociedade. E é uma observação, a qual admite poucas exceções, que nove, em dez
desses, decresceram na graça, na mesma proporção que eles aumentaram em
prosperidade. De fato, de acordo com a tendência natural dos ricos, nós não
podíamos esperar que fosse de outro modo.
17. Mas que coisa tão espantosa é essa!
Como podemos entender isso? Não parece (e ainda assim, isso não pode ser) que o
Cristianismo, Cristianismo, verdadeiramente, Bíblico, tem uma tendência, um
processo de tempo para debilitar-se e destruir a si mesmo? Porque, onde quer
que se espalhe o Cristianismo verdadeiro, isso causa diligência e frugalidade,
que, num curso natural das coisas, devem gerar ricos! E, ricos, naturalmente,
geram orgulho, amor do mundo, e todo o temperamento que é destrutivo do
Cristianismo. Agora, se não existe um meio de coibir isso, o Cristianismo é
inconsistente consigo mesmo, e, em conseqüência, não pode permanecer, não pode
continuar, muito tempo, entre quaisquer pessoas, desde que, onde quer que ele
prevaleça, ele mina sua própria fundação.
18. Mas existe um meio de prevenir isso
– Para que o Cristianismo continue entre as pessoas? Permitindo que a
diligência e a frugalidade produzam pessoas ricas? Existem meios de impedir os
ricos de destruírem a religião desses que a têm? Eu vejo apenas uma maneira
possível, desmascarar quem puder. Você ganha tudo que pode, e economiza tudo
que você pode: então, você deve, pela natureza das coisas, tornar-se rico. E,
se você tem algum desejo de escapar da condenação do inferno, dê tudo que
puder; caso contrário, eu não tenho mais esperança na sua salvação, do que
aquela de Judas Iscariote.
19. Eu clamo a Deus para registrar em
minha alma que eu aconselhei, não mais, do que eu pratiquei. Abençoado seja
Deus, porque eu ganho, economizo, e dou tudo que posso. E assim, eu confio em
Deus, eu faça, enquanto a respiração de Deus estiver em minhas narinas. Para o
que então? Eu conto todas as coisas, mas perco, para a excelência do
conhecimento de Jesus, meu Senhor! Eu desisto de toda justificativa, comparada
com isso — Senhor, eu estou condenado! Mas tu tens morrido!
Editado por George Lyons, com correções
pelo Ryan Danker, para o Wesley Center for Applied Theology of Northwest
Nazarene University (Nampa, ID). O texto pode ser usado livremente para
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proibido, sem a expressa permissão de Wesley Center at Northwest Nazarene
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