02/12/2015

Sobre as riquezas.


Por  Reverendo John Wesley





"E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus". (Mateus 19:24)

1. Nos versos precedentes, nós temos um relato de um homem que veio correndo até nosso Senhor, e ajoelhando-se, não na hipocrisia, mas na profunda sinceridade da alma, disse-lhe: "Bom Mestre, que boa coisa devo fazer, para que eu possa ter a vida eterna?". "Todos os mandamentos", ele disse, "eu tenho mantido, desde a minha juventude: No que eu ainda estou em falta?". Provavelmente, ele os tinha mantido no sentido literal; ainda assim, ele ainda amava o mundo. E Ele, que conhecia o que havia no homem, sabia que, neste caso especifico, (porque isto é, de modo algum, uma regra geral), ele não poderia ser curado daquela enfermidade desesperadora, a não ser por um remédio desesperador. Portanto, ele respondeu: "Vá e vende tudo que tens, e dá ao pobre, e vem e me sigas". Mas, quando ele ouviu isto, ele foi embora pesaroso, porque ele tinha grandes posses. Assim, todas as florescências murcharam! Porque ele não ajuntaria tesouro no céu a tão alto preço! Jesus, observando isto, "olhou ao redor, e disse aos seus discípulos" (Marcos 10:23 em diante): "Quão dificilmente aqueles que têm riquezas entrarão no reino de Deus! É mais fácil um camelo atravessar o buraco de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus! E eles ficaram admirados, sem medida, e disseram, entre si: Quem, então, pode ser salvo?". – se for tão difícil para os ricos serem salvos, quem tem tantas, e tão grandes vantagens; quem está livre das preocupações deste mundo, e das milhares de dificuldades, às quais o pobre estão continuamente expostos?

2. De fato, se supôs que ele parcialmente desdisse o que ele havia dito, com respeito á dificuldade dos ricos de serem salvos, pelo que é acrescentado no décimo capítulo de Marcos. Porque, sem seguida, ele disse: (verso 23) "Quão dificilmente aqueles que possuem riquezas entrarão no reino de Deus!", quando "os discípulos ficaram atônitos com suas palavras, Jesus respondeu novamente", e lhes disse: "Quão difícil, é para aqueles que confiam nas riquezas, entrarem no reino de Deus!". (Verso 24). Mas, observe: (1) Nosso Senhor não pretendeu com isto, desdizer o que ele havia dito antes. Muito longe disto, ele imediatamente o confirma, através daquela declaração terrível: "É mais fácil para um camelo entrar no buraco de uma agulha, do que para um rico entrar no reino de Deus".  (2) Ambas as sentenças afirmam a mesma coisa: Que é mais fácil para um camelo entrar no buraco de uma agulha, do que para aqueles que possuem riquezas, não confiar nelas.
3. Percebendo o espanto deles a este discurso severo: "Jesus, olhando para eles" (indubitavelmente, com um ar de inexprimível ternura, para impedir que eles pensassem na causa do rico como desespero), "disse-lhes: Com os homens é impossível, mas não com Deus: Porque com Deus, todas as coisas são possíveis".
4. Eu compreendo, que um homem rico aqui signifique não apenas um homem que tem imensos tesouros, alguém que ajuntou ouro como pó, e prata como a areia do mar; mas qualquer um que possua mais do que o necessário e as conveniências da vida. Alguém que tem alimento e vestimenta suficiente para si mesmo e sua família, e alguma coisa mais, é rico. Que por reino de Deus, ou do céu (termos exatamente equivalentes), se queira dizer, não o reino da glória (embora que se seguirá, sem dúvida), mas o reino do céu, ou seja, a religião verdadeira sobre a terra. O significado, então, da afirmação de nosso Senhor é este: — que é absolutamente impossível, exceto por aquele poder ao qual todas as coisas são possíveis, que um homem rico possa ser um cristão; possa ter a mente que havia em Cristo, e caminhar como Cristo caminhou:
Tais são os obstáculos à santidade;
Assim como as tentações para o pecado, que o envolve.
I
Tais são os obstáculos à santidade que o circundam. Enumerar todos esses, requereria um grande volume: Eu apenas tocarei em alguns poucos deles.
1. A raiz de toda religião é a fé, sem a qual, é impossível agradar a Deus. Agora, se você toma isto, em sua aceitação geral, como a "evidência das coisas não vistas"; do mundo invisível e eterno; de Deus e de todas as coisas de Deus, que tendência natural as riquezas têm, para obscurecer esta evidência, para impedir sua atenção a Deus e às coisas de Deus, e às coisas invisíveis e eternas! E, se você toma em outro sentido, por uma confiança; que tendência as riquezas têm para destruir isto; para fazer com que você confie nelas, tanto para a felicidade quanto para a proteção, e não "no Deus vivo!". Ou, se você toma a fé, no sentido cristão apropriado, como uma confiança divina no perdão de Deus; que obstáculo mortal, quase insuperável a esta fé são as riquezas! O que! Pode um homem abastado, e conseqüentemente ilustre, vir até Deus, sem ter nada a pagar? Ele pode depositar toda sua grandeza, e vir como um pecador, um mero pecador, o mais vil dos pecadores, no mesmo nível dos que alimentam os cães de suas ovelhas; que aqueles "mendigos que se deitam em seu portão, cheio de feridas?". Impossível; a menos pelo mesmo poder que fez os céus e terra. Ainda assim, sem fazer isto, ele não pode, de modo algum, "entrar no reino de Deus".
2. Que obstáculo são as riquezas, mesmo para o primeiro fruto da fé; ou seja, o amor a Deus! "Se algum homem ama o mundo", diz o Apóstolo: "o amor ao Pai não está nele". Mas como é possível ao homem, não amar o mundo, que está cercado com todos os seus encantos? Como pode ser que ele, então, ouve ainda a voz leve que diz: "Meu filho, dê-me seu coração?". Que poder, a não ser do Altíssimo, pode fazer do homem rico uma resposta àquela oração:
Mantenha-me morto para tudo abaixo,
Apenas Cristo, decidido conhecer;
Firme, desimpedido, e livre.
Buscando toda minha felicidade em Ti!
3. As riquezas são igualmente um obstáculo ao amar o nosso próximo, como a nós mesmos; ou seja, ao amar a toda a humanidade, como Cristo nos amou. Um homem rico pode, na verdade, amar aqueles que são de sua própria condição social, ou de sua própria opinião. Ele pode amar a eles que amam a Ele: "Mas, até mesmo os pagãos", batizados ou não, "não fazem o mesmo?". Porém, ele não pode ter uma boa-vontade pura e desinteressada com relação a todos os filhos do homem. Esta pode apenas brotar do amor a Deus, que suas grandes posses expulsou de sua alma.
4. Do amor a Deus, e de nenhuma outra fonte, a humildade verdadeira, igualmente, flui. Portanto, até onde impedem o amor a Deus, as riquezas devem impedir a humildade também. Elas impedem isto também no rico, tirando-lhes a liberdade das relações sociais, por meio das quais, eles se tornariam conscientes de seus defeitos, e viriam para o conhecimento verdadeiro de si mesmos. Mas quão raramente, eles encontram um amigo fiel; alguém que possa lidar francamente com eles! E sem isto, igualmente envelhecemos em nossas faltas; sim, e morremos, "com todas as nossas imperfeições sobre nossas cabeças".
5. Nem pode a mansidão subsistir, sem a humildade; porque "do orgulho", naturalmente "vem a contenda". Assim sendo, nosso Senhor nos direciona a aprender Dele, ao mesmo tempo, a "sermos humildes e mansos de coração". As riquezas, portanto, são um grande obstáculo à mansidão, assim como à humildade. Ao impedir a humildade de mente; que aumenta na mesma proporção em que nós sucumbimos em nossa própria estima; e que, ao contrário, necessariamente decresce, quanto mais valorizamos a nós mesmos.
6. Existe um outro temperamento cristão que está proximamente aliado à mansidão e humildade; mas que dificilmente tem um nome. Paulo o denomina epieikeia. Talvez, até que encontremos um nome melhor, poderemos chamá-lo de submissão; uma prontidão para se colocar à disposição de outros, a desistir de nossa própria vontade. Esta parece ser a qualidade que Tiago afirma, para "a sabedoria que vem do alto", quando ele a denomina. – ao que nós atribuímos, fácil de ser solicitado; fácil de ser convencido do que é verdadeiro; fácil de ser persuadido. Mas quão raramente, este temperamento amistoso é encontrado em um homem rico! Eu não sei se eu encontrei tal prodígio, dez vezes, em mais de setenta anos!
7. E que coisa incomum é esta de encontrar paciência naqueles que têm grandes fortunas! Exceto, quando existe um contrapeso de longa e severa aflição, com a qual Deus freqüentemente se agrada de visitar aqueles que ele ama, como um antídoto às suas riquezas. Isto não é incomum. Ele freqüentemente envia dor, e enfermidade, e grandes cruzes, a eles que têm grandes posses. Por esses meios, "a paciência tem sua obra perfeita", até que eles sejam "perfeitos e completos, faltando coisa alguma".
II
Tais são alguns dos obstáculos à santidade, que circundam o rico. Por outro lado, podemos agora observar, qual a tentação dos ricos, em todos os temperamentos iníquos.
1. Primeiro, quão grandiosa é a tentação ao ateísmo que naturalmente flui das riquezas; até mesmo, de um completo esquecimento de Deus, como se não existisse tal Ser no universo. Isto é, no momento, usualmente denominado de dissipação, — um bonito nome, afixado pela grande vulgar ao completo desrespeito por Deus, e, de fato, para com todo o mundo invisível. E como o homem rico está cercado, de toda a forma de tentação para a ininterrupta dissipação! Sim, como a artimanha da dissipação é considerada em meio aos rico e grande. Como o Prior finamente diz:
As cartas estão dadas, e os dados lançados,
Felizes efeitos da imaginação humana
Para que a alma possa esquecer de si mesma.
Mais propriamente, dizer que os mortais podem se esquecer de seu Deus; que eles podem mantê-lo inteiramente fora de seus pensamentos, aquele que, embora no círculo dos céus, ainda assim, está "em volta de sua cama, e em seu passo, e espia todos os seus caminhos".  Chame a isto imaginação, se lhes agradar. Mas isto é sabedoria? Ó, não! Está longe, muito longe disto. Tu, tolo! Tu imaginas que, porque não vês a Deus, que Deus não vê a ti? Ri; joga; canta; dança: Mas "por causa de todas essas coisas, Deus te levará a julgamento!".
2. Do ateísmo, existe uma fácil transição para a idolatria; da adoração a nenhum Deus, à adoração de falsos deuses. E, na verdade, aquele que não ama a Deus (que é sua apropriada, e sua única adoração apropriada), certamente amará algumas das obras de suas mãos; amará a criatura, se não amar ao Criador. Mas a quantas espécies de idolatria cada rico está exposto! A quais continuas e quase insuperáveis tentações, ele está submetido, "para amar o mundo!", e isto em todos os seus ramos, — "o desejo da carne, o desejo dos olhos, e o orgulho da vida". Quão inumeráveis tentações, ele encontrará para gratificar "o desejo da carne!". Entenda isto corretamente. Isto não se refere a um apenas, mas a todos os sentidos exteriores. É a mesma idolatria buscar nossa felicidade em gratificar algum ou todos esses. Mas existe um risco que eles busquem isto no gratificar seu paladar; em uma sensualidade moderada; em uma espécie regular de epicurismo; e não na glutonaria ou embriaguez: Isto está muito distante deles! Eles não prejudicam o corpo; apenas mantêm a alma morta: — morta para Deus e para toda a religião verdadeira.
3. O rico se vê igualmente cercado com as tentações do "desejo dos olhos"; ou seja, o buscar a felicidade em gratificar a imaginação; os prazeres que principalmente os olhos ministram. Os objetos que dão prazer à imaginação são os grandes, ou bonitos, ou novos. Na verdade, os homens ricos não têm gosto para objetos grandes; mas têm para coisas novas e bonitas, especialmente, as novas; o desejo da novidade é tão natural aos homens quanto o desejo do alimento e bebida. Agora, quão numerosas são as tentações deste tipo de idolatria, que naturalmente brotam das riquezas! Quão fortemente e continuamente eles são solicitados a buscarem felicidade (se não nas grandes, ainda assim) nas casas bonitas, em mobiliário elegante, em pinturas curiosas, em jardins aprazíveis! Talvez, na mais insignificante de todas as ninharias, — no vestuário vistoso e caro! Sim, em todas as coisas novas, pequenas ou grandes, cuja moda, a patroa dos tolos recomenda; como seus vários gostos orientam, na poesia, história, música, filosofia, ou artes e ciências curiosas! Agora, embora seja certo que todos esses têm seu uso, e, portanto, podem ser inocentemente procurados, ainda assim, o buscar felicidade em alguns deles, em vez de Deus, é manifesta idolatria; e, assim sendo, fosse isto apenas por este motivo, que as riquezas o suprem com os meios de favorecerem a todos esses desejos, bem se poderia perguntas: "Não é a  vida de um homem rico, acima de todas as outras, a tentação sobre a terra?".
4. Que tentação, igualmente, o rico sofre, para buscar a felicidade no "orgulho da vida!". Eu não entendo que o Apóstolo queira dizer com isto, pompa, ou condição, ou equipagem; tanto quanto "a honra que vem de homens", se merecida ou não. Um rico está certo de se encontrar com isto: é uma armadilha que ele não pode escapar. Toda a cidade de Londres usa as palavras, rico e bom, como termos equivalentes. "Sim", eles dizem, "ele é um bom homem; ele é merecedor de cem mil libras".  E, na verdade, em todo lugar, "se tu fizeres bem a ti mesmo"; se teus bens aumentarem, "os homens falarão bem de ti". Todo o mundo está de acordo:
Mil libras suprem
A necessidade de vinte mil talentos.
E quem pode suportar o aplauso geral, sem assoberbar-se; — sem ficar inconscientemente induzido a valorizar-se, "mais do que deveria?".
5. Como é possível, que um homem rico possa escapar do orgulho, fosse apenas por isto: — que sua situação necessariamente ocasiona que o louvor flua sobre ele de cada canto? Porque o louvor é geralmente veneno para a alma; e quanto mais prazeroso, mais fatal; especialmente, quando imerecido. Assim sendo, nosso poeta bem diria:
Parente do diabo, veneno dos feitos honestos,
Lisonja perniciosa! Tuas sementes destrutivas,
Em uma hora imprópria, e através de uma mão fatal,
Tristemente difundida sobre a pureza da terra,
Com o brotar do orgulho, que em meio ao milho aparece,
E reprime a esperança e promessa do ano!
E não apenas o louvor, se merecido ou imerecido, mas tudo a respeito dele tende a inspirar e aumentar o orgulho. Sua nobre casa, seu mobiliário elegante, suas pinturas bem escolhidas, seus finos cavalos, sua equipagem, seu próprio vestuário, sim, até mesmo, "o emplastrado enfeitado, em sua cauda", — todos esses serão motivo de recomendação para uns ou outros de seus convidados, e assim têm uma tendência quase irresistível de fazê-lo considerar-se um homem melhor do que aqueles que não têm essas vantagens. 
6. Com que naturalidade, igualmente, os ricos alimentam e aumentam a obstinação, que nasce em cada filho do homem! E não somente seus criados e dependentes imediatos são governados implicitamente por sua vontade, achando um porquê nisto; mas também a maioria de seus vizinhos e familiares busca obrigar-se a ele em todas as coisas: Assim, sua vontade, sendo continuamente tolerada, naturalmente será continuamente fortalecida; até que ele, por fim, dificilmente será capaz de se submeter, quer à vontade de Deus, ou de homens.
7. Tal disposição, os ricos têm de produzir e alimentar cada temperamento que é contrário ao amor de Deus. E eles têm igual inclinação, para alimentar toda paixão e temperamento que é contrário ao amor de nosso próximo. Desprezo, por exemplo, especialmente aos inferiores, do qual nada é mais contrário ao amor: — Ressentimento, por alguma ofensa verdadeira ou suposta; talvez, até mesmo, vingança, embora Deus reivindique isto como sua própria prerrogativa peculiar: — Pelo menos, ira, porque ela surge imediatamente na mente de um homem rico. "O que! Usar-me desta forma! Não. Mas ele logo saberá melhor: eu sou capaz agora de fazer eu mesmo justiça!".
8. Proximamente relacionados à ira, se não, antes, uma espécie dela, estão o mau humor e a impertinência. Mas os ricos são mais assaltados por esses do que o pobre? Toda a experiência mostra que sim. De um notável exemplo, eu fui uma testemunha, há muitos anos: — Um cavalheiro de grande fortuna, enquanto estávamos seriamente conversando, ordenou uma serva para atirar alguns carvões no fogo. Uma lufada de fumaça saiu: Ele atirou-se de volta em sua cadeira e gritou: "Ó, senhor Wesley, essas são as cruzes, com as quais me encontro todos os dias!". Eu não pude ajudar perguntando: "Suplico-lhe, senhor John, essas são as mais pesadas cruzes com que você se encontra?". Certamente essas cruzes não o teriam preocupado tanto, se ele tivesse cinqüenta, em vez de cinco mil libras por ano!
9. Mas não seria estranho, se os homens ricos, em geral, fossem destituídos de todas as boas disposições, e presas fáceis de todos os demônios; uma vez que tão poucos deles, prestam algum respeito àquela solene declaração de nosso Senhor, sem observar que não podemos ser seus discípulos: "E Jesus disse a todos eles" – a toda a multidão, não apenas aos seus Apóstolos, — "se algum homem vier após mim", — for um cristão verdadeiro, — "que ele negue a si mesmo, e tome sua cruz diária, e me siga". (Lucas 9:23). Ó, quão difíceis palavras são essas, para aqueles que estão "na comodidade em meio às suas posses!". Ainda assim, as Escrituras não podem ser violadas. Assim sendo, exceto se um homem "negar a si mesmo"; negar todo prazer que não o prepara para ter prazer em Deus, "e tomar sua cruz diariamente"; — obedecer cada mandamento de Deus, mesmo que doloroso para a carne e sangue, — ele não poderá ser um discípulo de Cristo; ele não poderá "entrar no reino de Deus".
10. Ao tocar neste importante ponto, de negarmos a nós mesmos, e tomarmos nossa cruz diária, vamos apelar a respeito dos fatos; vamos apelar à consciência de todo homem, às vistas de Deus. Quantos homens ricos existem entre os Metodistas (observe, não existia um, quando eles se reuniram pela primeira vez), que verdadeiramente "negam a si mesmos e tomam suas cruzes diariamente?". Quem resolutamente se abstém de cada prazer, quer do sentido ou imaginação, a não ser que eles saibam por experiência que isto os prepara para ter prazer em Deus? Quem não declina da cruz, do trabalho, ou da dor, que se coloquem no caminho de seu dever? Quais de vocês que são agora ricos negam a si mesmos, exatamente como fizeram, quando eram pobres? Que tão prontamente suportam o trabalho ou a dor agora, como fizeram, quando não valiam cinco libras? Vamos aos pormenores. Vocês jejuam agora tão freqüentemente quanto faziam antes? Vocês se levantam tão cedo de manhã? Vocês suportam o frio ou o calor; vento ou chuva, tão alegremente quanto sempre? Vejam uma razão entre muitas, porque tão poucos aumentam em bens, sem decrescerem na graça! Porque eles não negam mais a si mesmos, e tomam sua cruz diária. Ai de mim! Eles não mais suportam privação, como bons soldados de Jesus Cristo!
11. "Comecem agora, homens ricos! Lamentem e gritem pelas misérias que estão vindo sobre vocês", que devem vir, em poucos dias, a não ser, se impedidas por uma mudança completa e profunda. "A úlcera de seu ouro e prata" será "testemunha contra vocês", e "comerá sua carne, como fogo!". Ó, quão lastimável é sua condição! E quem é capaz de ajudar a você? Vocês precisam de intercurso claro, mais do que alguns dos homens no mundo, e vocês encontram com menos. Porque, quão poucos se atrevem a falar tão claramente a vocês, quanto eles fariam com algum de seus servos! Nenhum homem, que tanto espere ganhar alguma coisa de seu favor, ou que tema perder alguma coisa, por seu desagrado. Ó, que Deus me dê palavras aceitáveis, e faça com que elas mergulhem profundo em seus corações! Muitos de vocês me conhecem, há muito tempo, quase desde a sua infância. Mas agora o tempo de nossa partida está à mão: Meus pés estão exatamente tropeçando nas montanhas escuras. Eu deixaria uma palavra com vocês, antes que eu me vá daqui; e vocês podem se lembrar dela, quando eu não mais for visto.
12. Ó, que seu coração seja todo com Deus! Busque sua felicidade nele, e nele somente. Cuide para que você não se apegue ao pó! "Esta terra não é seu lugar". Veja que você use este mundo, de maneira a não abusar dele; use o mundo, e desfrute de Deus. Permaneça como que desprendido de todas as coisas aqui embaixo, como se você fosse um pobre mendigo. Seja um bom mordomo dos dons múltiplos de Deus; para que, quando você for chamado a prestar contar de sua mordomia, ele possa dizer: "Muito bem, bom e fiel servo, entre na alegria de teu Senhor!".

[Editado por James Todd Crafts, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]



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