Apologética.
Um novo grupo
de pessoas esta levantando um debate acerca do verdadeiro nome do nosso
Salvador. De acordo com esta nova compreensão, para nos referirmos ao Salvador
não devemos utilizar o nome "Jesus", mas sim a forma original
hebraica Yeshua (no hebraico צשי) ou
a forma mais arcaica Yehôshua (do
hebraico צשרהי), comum no período anterior ao exílio babilônico.
Os defensores desta nova compreensão argumentam que a
forma latina Iesus ou Jesus é resultado de uma das muitas
adulterações da Vulgata (tradução da Bíblia para o latim feito por Jerônimo no
final do século V). Jerônimo teria concebido esta variação do nome do Salvador
através da combinação de nomes da mitologia pagã. O nome “Jesus” seria a
combinação de J (do deus romano
Júpiter) e ESUS (um dos deuses da
mitologia Celta).
Outro argumento contra o nome “Jesus” é que ao
tomarmos a versão latina Iesus e
dividirmos o nome em duas partes "Ie" e "Sus", traduzindo
separadamente cada parte para o hebraico teremos uma blasfêmia. Em hebraico Ie
significa “Deus” e Sus significa “Cavalo”. Portanto, ao nos referirmos ao
Salvador usando o nome "Jesus", cuja raiz é Iesus, na realidade
estaríamos chamando nosso Salvador de “Deus Cavalo” o que seria uma terrível
blasfêmia. Segundo os defensores desta nova luz, quando alguém chama o Salvador
de “Jesus” está cumprindo a profecia de Isaías 52:5: “... e o meu nome é blasfemado incessantemente todo dia”.
O primeiro impacto prático deste novo entendimento é
que estas pessoas no término de cada oração são levadas a não terminar as suas
orações pedindo em “nome de Jesus”, mas sim no da forma arcaica Yehôshua.
Outra proposta deste novo entendimento é que ele não só
questiona o nome de Jesus. “Mas questiona a Bíblia”. Pois ele acredita que
houve muitas adulterações feitas por Jerônimo. Se a Bíblia sofreu milhares de
adulterações, como podemos fundamentar nossas doutrinas sobre ela? Questiona os
seguidores deste novo entendimento.
Então qual é a solução que esses sujeitos propõem? Inevitavelmente
imprimir uma nova Bíblia substituindo esta adulteração de Jerônimo pelo nome
original em hebraico do Salvador. Mas considerando que esta não foi à única
adulteração de Jerônimo, que tal se antes da impressão da “Nova Bíblia” fosse
feita uma revisão completa na Palavra de Deus e fossem retiradas todas as suas
adulterações (ou pelo menos boa parte delas)? Quem sabe alguns evangelhos
apócrifos que foram injustamente omitidos pelos pais da igreja católica
pudessem ser incluídos... O que você acha dessa ideia? Que tal uma nova Bíblia?
Falam os seguidores deste novo
entendimento.
Segundo esta nova compreensão , o nome Jesus é uma composição de dois nomes de deuses da mitologia pagã: “J” (de Júpiter, um deus Romano) e “Esus” (um deus da mitologia Celta). Jerônimo teria feito esta composição para agradar os pagãos e trazê-los para o cristianismo. Mas uma análise mais profunda sobre esta argumentação demonstrará que ela não tem o mínimo fundamento. Primeiro, há pouco registro na literatura da mitologia sobre o deus celta Esus e não há qualquer evidência de que ele fosse conhecido no império Romano. Os deuses mais conhecidos eram os deuses da mitologia grega e romana, não os da mitologia celta. Segundo, por que o J significa Júpiter? Por que não Juno, filha de Saturno e irmã de Júpiter? Por que o J não é de Jumata, deus da mitologia Fino-Húngara, que era o Deus do Céu e do Trovão? Enfim, por que o J de Jesus é o mesmo J de Júpiter e não das outras dezenas ou centenas de personagens e deuses mitológicos que começam com a letra J? Outra questão relevante: Por que dissociar a letra J da letra E? Por que usar na composição do nome Jesus um deus desconhecido dos romanos (Esus)? Terceiro, a lista de deuses e personagens mitológicos é imensa. Dada qualquer sílaba, não é difícil encontrar personagens da mitologia cujo nome inicia com esta sílaba. Vamos citar alguns exemplos compondo alguns nomes próprios através da primeira sílaba do nome de alguns deuses e personagens mitológicos.
Silvia = SIL
(Silvano, filho de Saturno,
Deus das Florestas) + VIA (Viales, divindade que presidia
as estradas)
Nelson = NEL
(Neleu, filho de Netuno) + SON (Sono, filho de Érebo que habita numa sombria caverna rodeado
de Sonhos, que são divindades
infernais com asas de morcego).
Perceba que há inúmeras possibilidades de compor
nomes próprios usando a primeira sílaba de deuses e personagens mitológicos.
Mas quando tentamos encontrar uma combinação para o nome “Jesus”, encontramos
problemas na segunda sílaba "sus", pois não há nenhum deus ou
personagem mitológico que comece com "sus". Portanto, para dar certo
a combinação, dividiram de propósito as sílabas do nome Jesus da seguinte forma: j-esus.
Claramente uma manobra premeditada para associar o nome de Jesus a divindades
mitológicas (assim como fizemos nos exemplos acima).
Portanto, alegar que a intenção de Jerônimo ao
denominar o Salvador de Iesus era compor o nome de Júpiter e Esus não tem
nenhum fundamento histórico ou lógico.
Da mesma forma, dividir a palavra “IESUS” em duas
partes e traduzir cada parte para o hebraico a fim de dar um significado novo à
palavra é um artifício sem qualquer fundamento e não prova absolutamente nada.
Uma palavra pode ter vários significados em um idioma. Manga, por exemplo, pode
significar a fruta produzida pela mangueira e a parte da camisa que cobre os
braços. Mas "manga" em outros idiomas tem, obviamente, outros
significados. Em japonês, por exemplo, "manga" (pronuncia-se mangá) é
revista em quadrinhos (o nosso gibi). Interpretar nomes ou pedaços de nomes em
outros idiomas com o objetivo de conseguir atribuir novos significados para o
nome original, não parece fazer qualquer sentido, a única coisa que se consegue
são resultados absurdos.
Neste
ponto, muitos estão se perguntando qual seria a tradução correta do nome
Yehôshua (צשרהי) ou Yeshua (צשי) para a língua portuguesa. Na realidade nomes
próprios não se traduzem.
Então isto significa que quando formos escrever o nome
do Salvador devemos simplesmente escrever צשרהי? É lógico que não! Quando a
língua original do nome próprio usar um conjunto de caracteres diferente do
nosso, então se processa o que chamamos de transliteração.
Transliteração é a “tradução” letra por letra (ou fonema por fonema) de um
conjunto de caracteres para outro. Idiomas como o inglês, espanhol e italiano
usam o mesmo conjunto de caracteres que o português (A, B, C, etc...), portanto
não há transliteração entre palavras destes idiomas; mas idiomas como o árabe,
japonês e grego usam outros conjuntos de caracteres. Nestes casos utilizamos a
transliteração para podermos representar em nosso conjunto de caracteres nomes
próprios escritos originalmente em outro conjunto de caracteres.
As regras de transliteração não são complicadas. Vamos
tomar como exemplo o conjunto de caracteres gregos: α (alfa), β (beta), γ
(gama), δ (delta), e assim por diante. Numa transliteração de nomes escritos
com caracteres gregos, cada letra grega é substituída por uma letra do conjunto
de caracteres latinos. Por exemplo, a letra α (alfa) seria transliterada para a
letra “A”, a letra β (beta) seria transliterada para a letra B, e assim por
diante.
Como
Jerônimo transliterou o nome do Salvador do original grego para o latim?
No original grego o
nome do Salvador está escrito da seguinte forma: Ιησους.
Letra Grega
|
Nome da Letra Grega |
Letra Latina Correspondente
|
Ι
|
Iota
|
I
|
η
|
Eta
|
E
|
σ
|
Sigma
|
S
|
ο
|
Ômicrom
|
O(*)
|
υ
|
Upsilon ou
Ípsilon
|
U
|
ς
|
Sigma (**)
|
S(**)
|
No grego o
ditongo ου (ou) pronuncia-se u.
Ambas σ e ς são representações válidas da letra
grega sigma.
Dai notamos que o nome "Jesus" é resultado
da transliteração pura e simples do original grego Ιησους (pronuncia-se
Iesus), contradizendo a hipótese de que o nome "Jesus" originou-se
através de uma tentativa mal intencionada de Jerônimo no século V.
Para definitivamente remover qualquer dúvida sobre o
assunto, basta consultar a versão Septuaginta (LXX), uma tradução do Velho
Testamento feita por setenta mestres judeus
no segundo século antes de
Cristo. Eles traduziram o Velho Testamento do hebraico para o grego a fim de
atingir os judeus da dispersão. (Lembre-se que o grego era a língua mais falada
no império Romano). Nesta versão o nome de Josué, que em hebraico se escreve
Yehôshua (צשרהי), foi transliterado para o grego exatamente da mesma
forma que o nome de Jesus no Novo Testamento, ou seja, Ιησουσ (Iesus).
Os
sábios judeus transliteraram a letra hebraica ש (shin) para a letra grega σ
(sigma). A transliteração de "shin" para "sigma" foi feita
em outros casos. Veja a tabela abaixo:
Nome em Português
|
No Hebraico[1]
|
Transliteração na LXX
|
Transliteração para caracteres latinos
|
Esaú
|
דשע (`Esav)
|
esαn
|
Esau
|
Sete
|
םש (Shen)
|
shq
|
Seth
|
Moisés
|
השמ (Mosheh)
|
mwushs
|
Moises
|
Isaías
|
היעשי (Yeshayah)
|
hsαiαs
|
Esaias
|
Oséias
|
עשדה
(Howshea)
|
wshe
|
Hosee
|
Analisando
os exemplos acima, podemos perceber que os sábios judeus que traduziram o Velho
Testamento para o grego transliteraram a letra hebraica shin (ש) para a letra
grega sigma (s). É
importante ressaltar que na transliteração de um conjunto de caracteres para
outro, nem sempre a pronúncia original é mantida. Isto ocorre porque nem todos
os fonemas de um idioma têm representação gráfica e podem ser devidamente
pronunciados em outro idioma.
Da análise destes fatos concluímos que a forma Ιησους
(Iesus ou Jesus) é totalmente adequada para nos referirmos ao nosso Salvador e
nada há de blasfêmia colocada por Jerônimo.
Os defensores da nova doutrina de Yeshua sabem
perfeitamente que a transliteração do nome do Salvador do alfabeto grego para o
alfabeto latino é Iesus ou Jesus. Por esta razão argumentam que o Novo
Testamento foi originalmente escrito em hebraico e não em grego.
Tal hipótese, no entanto, não é aceita pelos
historiadores, arqueólogos, teólogos ou qualquer outra pessoa que conheça a
evolução da cultura greco-romana. O aramaico, língua em que Jesus pregou, é
derivada do hebraico e era falada apenas em Jerusalém. O grego era a língua
mais difundida no Império Romano na época de Cristo
Devemos
lembrar que o “hebraico puro” do Velho Testamento não era mais falado pelo povo
na época de Cristo. Apenas os doutores da lei dominavam o conhecimento desta
língua o que era falado era o aramaico. É simplesmente inconcebível admitir e
defender a hipótese de que Paulo, ao escrever aos Filipenses, Tessalonicenses,
Colossenses, Gálatas e Efésios, tenha usado a língua hebraica. Filipos,
Tessalônica, Colossos, Galácia e Éfeso eram regiões onde se falava o grego.
Por trás deste debate estão as astutas ciladas do
Diabo. Quem aceita esta nova proposta acaba
colocando em dúvida toda a integridade Palavra de Deus. Note que os defensores
desta Nova doutrina em geral, afirmam que esta suposta adulteração feita por
Jerônimo não foi a única – houve inúmeras, talvez milhares delas em todo o
Livro Sagrado, alegam eles. A partir daí, passamos a questionar não apenas o
nome “Jesus”, mas todo o Livro Sagrado.
Perceba a forma astuta e sutil através da qual Satanás
tenta golpear a Palavra de Deus. A
Reforma da Bíblia! “Vamos reformar o que está errado na Bíblia. E que tal se
começarmos omitindo o detestável nome de Jesus?”, propõe o inimigo. Em apenas
um golpe Satanás tenta ferir seus dois maiores e mais poderosos inimigos: A
Palavra de Deus e o Nome de Jesus. Ambos têm muito poder e têm sido um enorme
incômodo para o adversário das almas ao longo de séculos.
Cabe a todos nós o mesmo conselho de Paulo ao jovem
Timóteo:
"Como te
roguei, quando partia para a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a
alguns que não ensinassem doutrina diversa, nem se preocupassem com fábulas ou
genealogias intermináveis, pois que produzem antes discussões que edificação
para com Deus, que se funda na fé. Mas o fim desta admoestação é o amor que
procede de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma fé não fingida,
das quais coisas alguns se desviaram, e se entregaram a discursos vãos,
querendo ser doutores da lei, embora não entendam nem o que dizem nem o que com
tanta confiança afirmam." - I Tim. 1:3-7
Que as fábulas, mitologias, e novas luzes não nos
façam rebaixar aquilo que Deus exaltou:
"Pelo que
também Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos Céus, e na
Terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor,
para glória de Deus Pai." - Filip. 2:9-11.
Que cada servo fiel possa glorificar o nome do seu
Salvador não apenas em palavras, mas através de atos de fé semelhantes aos de
Jesus:
Pelo que
também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua
vocação, e cumpra com poder todo desejo de bondade e toda obra de fé.
Para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele,
segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. - II Tes. 1:11 e 12.
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