21/03/2019

Os Metodistas!



    Por Fabio Alves

Pense numa nação onde a crise social esta em cada esquina. Uma nação sem saúde pública, sem educação pública com trabalhadores que fazem jornadas de até 16 e 12 horas por dia sem nenhuma garantia.  Pense em crianças que estão pelas ruas abandonadas. Pense num número grande de viciados em bebidas alcoólicas, violência contra mulheres e crianças. Pense em governantes corruptos que legislam em causa própria e em favor de uma elite social corporativa e extremamente insensível que acumula fortunas com práticas sociais aviltantes e inescrupulosas. Os mesmos que facultam o poder sobre os meios de produção e sobre seres humanos privando todos os cidadãos dos meios de subsistência. Pense numa imprensa manipuladora e numa igreja e lideres religiosos que acham que os menos afortunados estão nesta condição porque Deus os abandonou ou por conta de seus pecados. Pense que tal raciocínio para nosso espanto não parte do povo, mas do púlpito.


Não; não estou falando do Brasil, mas da Inglaterra do século XVIII. E nesse contexto social degradante que surge o movimento metodista para dar uma resposta do céu para terra.

Essa resposta não viria por meios convencionais, ela começou não de um avivamento dentro das estruturas das igrejas, mas de um movimento que germinou na Universidade de Oxford com a liderança dos irmãos Wesley e seu amigo Jorge Whitefield que começou a construir um movimento de santificação através da prática rígida de orações, leitura das escrituras e estudos bíblicos, jejuns, visita a presidiários e enfermos e de uma comunhão e prática piedosa a fim de fortalecer a alma e o espírito no propósito de uma vida mais  separada e próxima de Deus.

 No inicio o grupo ficou conhecido como clube santo, porém seus métodos rígidos mudaram seu nome para metodistas.

Não demorou muito para esse grupo de estudantes ampliar suas fronteiras espirituais e seus lideres relatarem muitas experiências com o Espirito de Deus e uma comunhão permanente com Ele através do relacionamento íntimo. Uma forte influência de diversas ramificações do cristianismo também fez parte da construção do movimento.

Comprometidos com os fundamentos da fé Cristã, John Wesley o líder espiritual deste movimento dedicou todos os dias de sua vida aos estudos da Bíblia, relacionando-os a sua própria experiência com Cristo. Por isso a teologia metodista do século XVIII é antes uma experiência oriunda do relacionamento com Deus do que o entendimento puro e simples das escrituras o que nos reporta em parte aos primeiros dias de vida da igreja. 

Esse processo foi vivido com grande intensidade e John Wesley relatou o dia em que seu coração foi totalmente purificado pelo batismo com o Espirito Santo. Também chamado no círculo metodista de inteira santificação. 

A partir dai não só a vida de Wesley, mas o próprio movimento alcança uma nova dimensão que não só atinge a igreja oficial e os demais grupos  religiosos, mas redireciona e alinha toda a sociedade inglesa com aquilo que Deus estava fazendo no meio do seu povo.

A santidade no movimento metodista significa completa dedicação da vida, da mente, do coração, da alma. É o oferecimento de todos os pensamentos, palavras e ações como sacrifício espiritual, ou seja, a ideia de John Wesley de salvação se opõe a toda noção de libertação parcial do mal. Para ele a alma verdadeiramente salva é aquela redimida. A entrega é sem reservas, o homem saiu do império das trevas para o reino do Filho de Deus. 

Essa perspectiva do reino mediada pelo entendimento e alinhamento com o que Deus estava fazendo naqueles dias levou o movimento metodista a desenvolver ações concretas na sociedade e foi entendido como uma proposta de Deus para sua igreja. 

Essa compreensão fez com que os metodistas desde o inicio se envolvessem  com as questões relevantes da sociedade de seu tempo. Os metodistas não só conheciam a regra das escrituras e simplesmente obedeciam, eles conheciam o Espírito das regras logo o seu serviço não era um mero trabalho religioso vazio em si mesmo, mas na realidade era fruto de um relacionamento que os encheu da benevolência Divina e isso se tornou uma marca distintiva que se observou em suas práticas.  Ouve uma clara mudança que ocorreu de dentro pra fora! 

Além de pregar o evangelho por toda nação e investir em missões transculturais os metodistas lutaram pelo fim da escravidão, por  salários dignos, pelo fim do trabalho infantil, alfabetizaram crianças, criaram linha de crédito para pequenos investimentos, socorreram as viúvas, os pobres e acolheram os órfãos, combateram a violência domestica, lutaram pelo fortalecimento do ensino básico, pela redução da jornada de trabalho e por uma medicina popular para as grandes massas pobres que por conta da revolução industrial  tinham ocupado as cidades em busca de oportunidade de trabalho, pois foram desalojadas do campo. 

O movimento metodista tinha como meta reformar a igreja e resgatar a nação de seu caos social, sem perder de vista a missão de levar a boa notícia até os confins da terra. 

Ao olhar para o avivamento do século XVIII e outros que aconteceram ao longo da história da igreja, percebo que nossa geração precisa ter um relacionamento com Deus que possibilite um rompimento com às amarras que aprisionam mentes e corações.

 A maioria dessa geração tem dito aos quatro cantos que são apaixonados e loucos por Cristo, mas não conseguem ler o tempo histórico que estão vivendo e obedecer de forma alinhada ao seu Senhor que é objeto de seu amor.

 Por esse motivo as muitas comunidades cristãs não conseguem ter uma união para  ação nas cidades o que dirá processos de unidade  que aponte para comunhão. Ao invés disso a igreja esta se dividindo em muitos pedaços, fragmentos que não dão respostas ao tempo em que estamos inseridos.   

Outro grave problema é o envolvimento cada vez maior das muitas comunidades cristãs com o sistema de seitas e com a ideologia dominante que só reproduz e alimenta o sistema. Assim ao contrário do século XVIII as massas desesperadas caem nas mãos dos falsos profetas e apóstatas da última hora. 

Nesse tempo dois tipos de comunidades estão surgindo:

 A que está sendo acordada para missão e começa  a viver dias de arrependimento e reposicionamento e os que simplesmente adaptaram a mensagem de Cristo às suas necessidades mesquinhas e perversas, e que cada vez mais estão obscurecidos pelo esfriamento do amor!

O dia vem e pra mim a hora é já em que os verdadeiros adoradores o adorarão em espírito e em verdade e com seus corações e mentes transformados vão se tornar o cumprimento da missão das ultimas  horas.










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