Por Fabrício Roger de Souza Lopes
(Trecho do trabalho de conclusão de curso). Faculdade Metodista de SP.
(Trecho do trabalho de conclusão de curso). Faculdade Metodista de SP.
Em meio a um período conturbado da história recente da América Latina, quando nosso continente foi sacudido por profundas convulsões políticas, ideológicas e sociais, muitos cristãos aderiram
à agenda da
Teologia da Libertação. A
Fraternidade Teológica Latino-Americana tem feito um esforço sério no sentido
de apresentar uma alternativa a essa teologia que fosse bíblica, evangélica e
igualmente radical em suas implicações.
Eles demonstraram que as igrejas podem permanecer fiéis às suas
convicções históricas e, ao mesmo tempo, adotar uma postura ousada
e coerente em
relação aos problemas sociais.
Como cristãos brasileiros, preocupados tanto com a missão da
igreja,
quanto com as
difíceis realidades sócio-econômicas de
nosso país, devemos
levar a sério
os desafios desses
líderes, que falam com
convicção, coerência e
clareza sobre a
necessidade de um
entendimento abrangente da tarefa da igreja no mundo, como agente e
instrumento de Deus.
A atitude e as ações de Deus em relação ao mundo, especialmente como
reveladas no seu Filho, Jesus Cristo, são os nossos grandes paradigmas
de missão. A Bíblia fala de um Deus que
toma a iniciativa, que busca
a humanidade com amor e
compaixão, que quer
dar vida e
dignidade à sua
criação. Isso foi ilustrado de
maneira extraordinária por Jesus, quando, em seu ministério terreno, manifestou
o interesse de Deus por todos os tipos de pessoas e pela pessoa integral. Nesta
visão, fundamentado no pacto de Lausanne, entre a teologia da libertação e o
neofundamentalismo, uma nova geração de pastores e líderes opta pela teologia da missão integral da
Igreja.
A missão integral enfatiza de
modo claro que a evangelização e a ação social não se separam, tornando
necessário pregar Jesus
Cristo como Senhor
e Salvador de
forma verbal e prática, verbal no que diz respeito à
palavra de Deus e ao plano salvífico de Jesus, para a restauração,transformação, libertação e cura do homem e da mulher, ou seja, de toda humanidade através do
poder do Espírito
Santo na vida
espiritual e no
relacionamento com Deus;
e prática no que
diz respeito ao
testemunho de amor e
vida de
Jesus, na ação
física solidária para com as
necessidades dos pobres
e marginalizados trazendo restauração,
transformação, libertação e cura no viver do próximo dentro da sociedade,
através do Espírito Santo no contato pessoal e social. Desta forma, a missão
integral reflete o cuidado e os propósitos de Deus pela pessoa
como um todo,
alcançando as quatro
áreas em que Jesus cresceu :
Sabedoria (aplicação
de verdades bíblicas
na vida), estatura
(atendimento de necessidades
físicas), graça diante de
Deus (ministério espiritual)
e graça diante dos
homens (atendimento social),
reconhecendo Deus como
importante, amoroso e
capaz de transformar
vidas, igrejas, comunidades e nações, fundamentando-se nos
mandamentos bíblicos de Jesus de amar a Deus e ao próximo, demonstrando
um estilo de
vida de amor
desempenhado por igrejas
e indivíduos, seguidores
de Jesus que
demonstram a compaixão
de Deus pelo
seu próximo.
Assim sendo a missão integral
defende um evangelismo que atinja as
pessoas como um todo, na vida
espiritual e física.
Sustentamos que uma evangelização
que não toma
conhecimento dos
problemas sociais e que não anuncia a salvação e a soberania de Cristo dentro do contexto no qual vivem os que ouvem, é uma evangelização defeituosa, que trai
o ensino bíblico
e não segue
o modelo proposto por Cristo, que envia o evangelista.
A missão integral busca englobar esforços para libertar as pessoas de
toda prisão social, política e econômica, porém as igrejas não devem propor
programas políticos, pois este não é o papel da igreja, pois o evangelho não é
um programa social.
Não se trata, entenda-se bem, de que as igrejas evangélicas tenham que propor um programa político na América Latina. Essa não é sua missão. A mensagem de salvação deve chegar a cada um em sua circunstância, mostrando como o pecado afeta todas as esferas da vida e as relações entre os homens. A mensagem também deve demonstrar como a entrega pessoal a Jesus Cristo transforma a vida de cada um, de modo que os efeitos da conversão sejam visíveis na sociedade em que o crente vive”.
Desta forma as mudanças sociais virão pela mudança da sociedade, ou
seja, a mudança de cada indivíduo e de suas estruturas com o testemunho
evangélico.
A missão integral chama a igreja a uma atitude diferente para com a
missão.
Em nosso contexto, as igrejas evangélicas estavam dirigidas somente para
a salvação da alma, oferecendo a reconciliação
com Deus por meio
de Jesus Cristo, deixando de
lado as necessidades
do corpo e a
reconciliação do ser humano e
seu próximo, proclamavam a
justificação pela fé e omitiam
a justiça social enraizada no amor de Deus pelos pobres, buscando sempre o
crescimento numérico de
membros, transformando o
evangelho em uma
mensagem para o
indivíduo e a vida privada, mas não para a sociedade e a vida pública. Contudo, Jesus nos oferece o modelo perfeito
de serviço e envia
sua igreja para ser
uma igreja serva,
sendo a missão
de Cristo a missão da igreja, de se entregar pelo próximo por amor.
“Assim como tu me
enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo”.
(João 17.18)
(João 17.18)
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