30/09/2020

As quatro armas da Igreja primitiva

 




Por Pastor Metodista Alexandre Brilhante


E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.”(At 2.42)

Quatro grandes armas caracterizam a igreja do tempo dos apóstolos e fizeram dela o modelo de igreja para todos os tempos. A primeira, a mensagem poderosa que pregava, a segunda, a comunhão, com a qual conseguiram formar a impressionante comunidade de fé. A terceira, a incrível capacidade de mobilização da igreja em promover a solidariedade e socorro aos menos favorecidos. E por última, a oração que, se traçarmos um paralelo com os exércitos modernos, diríamos que oração se assemelha muito com as comunicações, que no combate é tão importante quanto o poder de fogo. E, se fazemos parte do Exército de Cristo não podemos perder em momento algum a comunicação com o nosso Senhor que irá nos dar toda estratégia para o bom combate da fé. Com essas armas a igreja pôs abaixo as muralhas do judaísmo frio e hipócrita e do paganismo cruel e idólatra.


A mensagem não foi outra senão aquela que veio à luz no dia de pentecostes, acontecimento que derramou bênção, dinamismo e poder sobre a igreja, fazendo-a mensageira do evangelho até os confins da terra. Muitos foram portadores dessa mensagem começando por Pedro, Estevão, Paulo e outros.

Nenhuma frouxidão havia nela, nem condescendência. Nada de amaciar as palavras para agradar ouvintes ou atrair pessoas. Era uma mensagem carregada de denúncias ao pecado e de acusações aos pecadores, porém, cheia de poder. Assassinos, traidores, ignorantes, homens de dura cerviz, incircuncisos de coração e de ouvidos, foram as palavras que usaram. No entanto, essa mensagem levou multidões a Cristo e à salvação. Paulo revelou o seu segredo de pregador quando escreveu: “as minhas palavras não constituíram de linguagem persuasiva, mas em demonstração do Espírito e de poder”. (I Co 2.4)

A unidade da igreja através da comunhão foi uma grande arma da igreja dos apóstolos, foi o modelo extraordinário de comunidade que puderam mostrar ao mundo. De harmonia, de perfeitos laços de amizade e fraternidade. “Era um só coração e alma... e em todos eles havia abundante graça” (At 4.32,33).

O Espírito Santo uniu de tal forma aquelas vidas que o amor e comunhão eram suas marcas inquestionáveis. O mundo ficou estupefato e não teve outra alternativa senão exclamar: “Vejam como se amam!”. Chamavam-se uns aos outros de amados ou cumprimentavam com a “paz do Senhor”, tudo era sincero, algo do coração. As diferenças pessoais se diluíam no amor de Cristo derramado em seus corações. O Espírito era entre eles, ora como brisa de paz e conforto, ora um vento impetuoso que lhes dava intrepidez para testemunhar da ressurreição de Cristo. As reuniões se faziam todos os dias em qualquer lugar com muita alegria e singeleza de coração. Tudo era bênção, e Lucas registrou: “A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiéia e Samaria edificando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número” (At 9.31).

O partir do pão expressa a solidariedade e a capacidade de mobilização da igreja em assistir aos necessitados, mesmo num contextos social muito desfavorável à igreja. A igreja que é inaugurada em Pentecoste nasce com a essa responsabilidade social. “Tenho vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer aos necessitados e recordar as palavras de Jesus: “Mais bem-aventurado é dar que receber”(At. 20.35). Cabe destacarmos uma curiosidade aqui: é que neste versículo, Paulo cita uma afirmação de Jesus que não é encontrada em nenhum dos evangelhos canônicos e que teologicamente chamamos de “agrafo”, ou seja, “coisa não escrita”, dita avulsamente.

A quarta arma é poderosíssima, porque se na introdução a associamos à comunicação, ela pode fazer descer fogo do céu. Elias orou clamando ao Senhor diante dos profetas de Baal e do povo e o Senhor respondeu com FOGO! Aleluias! (I Rs. 18). Essa arma é poderosíssima porque confere autoridade espiritual à igreja do Senhor. Infelizmente, ainda estamos usando pouco essa poderosa arma. Em todos os campos vemos que o consenso é que oração bíblica encabeça a lista de armas espirituais. Mais importante do que priorização do evangelho sobre a ação social é a priorização dos fatores espirituais sobre os fatores tecnológicos. Como disse o Pr. Peter Wagner em seu livro “Igrejas que oram”: “A oração não serve de substituição para ação social agressiva ou para o evangelismo de persuasão. Mas as melhores estratégias, em ambos os casos, mostram-se mais eficazes quando escudadas sobre oração de alta qualidade do que sem ela”.

Precisamos usar esse arsenal não só com urgência, mas com muita eficácia; só com elas poderemos derrubar as muralhas que tentam impedir o seu crescimento e o avanço da igreja do Senhor.


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