04/01/2021

Jesus Ressuscitou


 

James Martin Teólogo Metodista

(Trecho tirado de seu livro ressuscitou mesmo Jesus? pg 13 a 15)

 Em suas viagens missionárias, e como resultado de sua íntima relação com muitas igrejas, o Apóstolo Paulo teria escrito bom número de Cartas, tratando não apenas questões de fé, mas também da ordem eclesiástica, e da Doutrina Cristã. Algumas dessas Cartas não se perderam e fazem parte do cânon do Novo Testamento. Escritas dentro das quatro décadas que se seguiram à Morte e Ressurreição de Jesus, e debatendo às vezes material cuja origem data de tempo bem anterior àquele em que foram escritas, oferecem tais cartas precioso testemunho sobre o que a Igreja Primitiva cria acerca da Ressurreição. A passagem mais importante é a da Primeira Carta aos coríntios, capítulo 15, versículos de 3 a 8. Aí lemos: "Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Cefas, e, depois, aos doze.

Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora, porém alguns já dormem. Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos, e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo." Paulo escreveu esta Carta mais ou menos no ano 55 de nossa era, e aí está ele lembrando aos irmãos leitores dessa missiva como pregara a eles o Evangelho, isso em pessoa (15.1). Então lhes diz: "Antes de tudo vos entreguei o que também recebi." A pregação de Paulo aos coríntios fora, em primeira instância, o passar-lhes certa mensagem, o levar-lhes uma nova que não era invenção dele, nem teoria dele mas que lhe fora entregue — entregue pela Igreja através de um ou mais dos seus representantes — e entregue presumivelmente ao tempo de sua conversão. A conversão de Paulo não ocorrera muito tempo depois do ano 35 de nossa era. Quer isto dizer que a mensagem da Ressurreição do Senhor, que lhe fora entregue com a autoridade da Igreja por ocasião de sua conversão e que ele mais tarde passou aos coríntios, fato que ele agora rememora, não ia além de mais de seis anos após a primeira Páscoa.

Acresce ainda que a passagem que então se segue (15.3-7) nos dá a impressão de que Paulo está citando uma fórmula familiar, possivelmente uma que estivesse em voga geral naquela primeira década para a instrução de conversos ou como uma espécie de credo. Paulo junta à fórmula uma referência à sua visão pessoal do Senhor ressurreto (15.8); mas o que ele aqui está fazendo não é propriamente lembrar que, no tempo de sua conversão, já tinha uma tradição fixa a respeito da Ressurreição, e sim uma fórmula exata que corporificava a crença da Igreja Cristã a respeito da Ressurreição, fórmula essa que poderia muito bem ter surgido em período primitivo, ou, pelo menos, antes da primeira visita de Paulo a Corinto.

É quase certo que Lucas foi quem escreveu o Livro de Atos, tendo ele escrito também o Evangelho que traz o seu nome. Visto à luz dos padrões do seu tempo, Lucas foi historiador cuidadoso e muitíssimo exato. Mesmo à luz dos padrões modernos, o caráter fidedigno de suas narrativas foi confirmado por pesquisas e investigações hodiernas. Parece que ele não ouviu os sermões dos primeiros cristãos, mas se valeu de várias fontes de informação que ele joeirou e contrastou com sua notável capacidade (como se pode ver ao escrever' o Evangelho, Lucas 1.1-4).

Não podemos tomar os registros dos discursos de Pedro em Atos dos Apóstolos como reportagens ípsissima verba, isto é, como sendo exatamente o que Pedro disse em dadas ocasiões, mas podemos perceber que são apanhados ou resumos acurados dos pontos principais daquilo que ele disse.

 As passagens que nos apresentam sumários de algumas das primeiras declarações ou discursos públicos do Apóstolo Pedro estão em Atos 1.16-22; 2.14-40; 3.12-26; 4.9-12 e 10.34-43. Em cada uma dessas passagens vemos que o Apóstolo Pedro dá testemunho da Ressurreição de Jesus, sendo essa a nota capital e dominante. Os Evangelhos. Os quatro Evangelhos não são biografias de Jesus no sentido que hoje damos ao vocábulo biografia. Não buscam oferecer-nos exaustiva narração da vida de Jesus, sendo apenas e simplesmente algumas reminiscências cuidadosamente selecionadas da vida dele, escolhidas de vasta reserva de material. Conquanto os Evangelhos sejam livros curtos ou pequenos, e ainda que as limitações de espaço signifiquem que os escritores deixaram fora muito mais do que poderiam ter incluído, cada um consagra vasta porção de seu espaço à história da Morte e Ressurreição de Jesus. Os escritores dos Evangelhos eram pessoas de qualidades diferentes, e também de vários temperamentos, e escreveram em diferentes lugares e de diferentes pontos de vista. Sendo assim, o testemunho coerente deles acerca da Ressurreição, e o fato de dedicarem a maior parte do seu limitado espaço a esse acontecimento, são seguramente coisa assaz significativa. Revelam que a Ressurreição de Jesus é fato central para o Credo Cristão, e isso desde o seu início.

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