Por Reverendo John Wesley - Pregado na Igreja de St. Mary, Oxford, diante da Universidade. Janeiro de 1733.
“Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.29)
1. A melancólica observação de um homem excelente, é que ele, que agora prega os deveres mais essenciais do Cristianismo, corre o risco de ser considerado, por uma grande parte dos que o ouvem, “o anunciador da nova doutrina.” A maioria dos homens viveu tão despreocupada, da essência daquela religião; o exercício da qual ainda retém, que, tão logo, algumas dessas verdades foram propostas, mostrando a diferença do Espírito de Cristo, do espírito do mundo, ela clamou alto: “Tu trouxestes coisas estranhas aos nossos ouvidos; nós não sabemos o que essas coisas significam”: Mesmo que ele estivesse apenas pregando “Jesus e a ressurreição,” com a conseqüência necessária disso; ou seja, assim como Cristo ressuscitou, eles deveriam, então, morrer para o mundo, e viver, completamente, para Deus!
2. É uma declaração dura para o homem natural, que está vivo para o mundo, e morto para Deus; alguém que não será, prontamente, persuadido a receber isto, como uma verdade de Deus, a menos que ele seja assim qualificado, na interpretação, a respeito da qual, nem o uso, nem o discernimento restaram. Ele “não recebeu” a palavra “do Espírito de Deus,” tomada em seu significado claro e óbvio: “ela é insensatez,” para ele: nem ele pode conhecê-la, porque “ela é diferenciada espiritualmente.” Ela é distinguida, apenas por aquele senso espiritual, que ainda não foi acordado nele; assim, ele rejeita como fantasias inúteis de homens, aquilo que é a sabedoria e o poder de Deus.
3. Essa “circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra,” -- que é a marca distinta do verdadeiro seguidor de Cristo, de alguém que esteja, num estado de aceitação com Deus; não é circuncisão externa, nem batismo, nem qualquer outra forma exterior, mas o estado certo da alma, a mente e o espírito renovados, em busca da imagem Dele, que o criou. É uma dessas importantes verdades que pode apenas ser, espiritualmente, discernida. E isso o próprio Apóstolo intima nas palavras seguintes, – “Cujo louvor não é dos homens, mas de Deus.” Como se ele tivesse dito: “Não espere, quem quer que tu sejas, que assim seguiu teu grande Mestre, que o mundo, que não o seguiu, possa dizer: ‘Muito bem, servo bom e fiel!’ Saiba que a circuncisão do coração, o lacre de teu chamado, é insensatez para o mundo. Estejas contente por esperar por teu aplauso, até o dia da chegada de teu Senhor. Nesse dia, tu terás o louvor de Deus, na grande assembléia de homens e anjos”.
Eu desejo:
I - Primeiro, particularmente, inquirir, no que essa circuncisão do coração consiste; e,
II - Segundo, mencionar algumas reflexões que, naturalmente, se levantam de tal questionamento.
1. Eu quero, Primeiro, inquirir, no que consiste esta circuncisão que irá receber o louvor de Deus? Em geral, nós podemos observar, que é a disposição natural da alma, que, nos escritos sagrados, é denominada santidade; e que diretamente implica em se estar limpo do pecado, “de toda a imundície da carne e espírito;” e, em conseqüência, ser investido com aquelas virtudes, as quais estavam também em Jesus Cristo; sendo tão “renovado no espírito de nossa mente,” quanto para ser “perfeito, como nosso Pai, nos céus, é perfeito.”
2. Para ser mais específico: Circuncisão do coração implica humildade, fé, esperança, e misericórdia. Humildade: um reto julgamento de nós mesmos, limpando nossa mente daqueles conceitos elevados da nossa própria perfeição; da opinião inadequada de nossas próprias habilidades e talentos, os quais são frutos genuínos da natureza corrompida. Ela extirpa, completamente, todo pensamento vão: “Eu sou rico e sábio, e não tenho necessidade de coisa alguma;” e nos convence que, na melhor das hipóteses, nós somos, todo pecado e vaidade; que a confusão, ignorância e erro reinam, sobre nosso entendimento; que as paixões desarrazoadas, terrenas, sensuais e diabólicas usurpam autoridade sobre nossa vontade; em uma palavra: não há parte alguma inteira, em nossa alma, em que todos esses alicerces da nossa natureza estejam naturalmente fora.
3. Ao mesmo tempo, nós somos convencidos de que não somos auto-suficientes, para ajudarmos a nós mesmos; que, sem o Espírito de Deus, nós não podemos fazer coisa alguma, a não ser acrescentar pecado ao pecado; que é Ele sozinho quem opera em nós, pelo seu onipotente poder, tanto a vontade e o fazer o que é bom; sendo impossível a nós, até mesmo, ter bons pensamentos, sem a assistência sobrenatural de seu Espírito, tanto para nos criar, como para renovar toda nossa alma, na santidade justa e verdadeira.
4. O efeito certo, de nós termos formado esse julgamento correto da pecaminosidade e impotência de nossa natureza, é a desconsideração daquela “reputação que vem do homem,” que é, usualmente, em retribuição a algumas excelências supostas em nós. Ele que conhece a si mesmo, não deseja, nem valoriza o aplauso que ele sabe que não merece. É, entretanto, “uma pequena coisa para ele, ser avaliado pelo julgamento do homem.” Ele tem toda a razão para pensar, comparando o que é dito, a favor ou contra ele, com o que ele sente, em seu próprio peito, que o mundo e o deus desse mundo foram “mentirosos, do princípio.” Até como para aqueles que não são do mundo. Ainda que ele escolhesse, se isso fosse da vontade de Deus, que eles o tivessem em conta de alguém desejoso de ser encontrado, como um servo fiel dos bens de seu Senhor. Se, por acaso, esse pudesse ser um meio de capacitá-lo a ser mais útil para seus camaradas, contudo como essa é a única finalidade de suas vontades, para a aprovação deles, então, ele, afinal, não se motiva: Já que ele está convicto de que, o que quer que Deus deseje, Ele nunca pode querer meios para executar; já que Ele é capaz, mesmos dessas pedras, erguer servos para seu prazer.
5. Essa é aquela humildade da mente, a qual eles têm aprendido de Cristo, aqueles que seguem o exemplo dele, e trilham os seus passos. E esse conhecimento de suas enfermidades, por meio do qual, eles são mais e mais limpos de uma parte delas, orgulho e vaidade, os inclina a seguir, com uma mente propensa, a segunda coisa implícita na circuncisão do coração, aquela fé que, sozinha, é capaz de fazê-los completos, e que é o único medicamento dado, debaixo do céu, para curar suas enfermidades.
6. O melhor guia de cego, a mais correta luz, daqueles que estão na escuridão, o instrutor mais perfeito do insensato, é a fé. Mas deve ser tal fé como é a “força de Deus para demolir fortalezas,” para derrubar todos os preconceitos da razão corrupta; todos os axiomas falsos acatados, entre os homens; todos os costumes e hábitos diabólicos; toda aquela “sabedoria do mundo, que é insensatez para Deus,” como “por abaixo imaginação,” raciocínio, “e toda coisa extrema que enalteça a si mesma, contra o conhecimento de Deus, e traga, para o cativeiro, todo o pensamento para a obediência de Cristo.”
7. “Todas as coisas são possíveis a ele que,” assim, “acredita.” “Com os olhos de seu entendimento, sendo iluminados,” ele vê qual é o seu chamado: sempre glorificar a Deus, que o comprou, com tão alto preço, em seu corpo, e em seu espírito, que agora são de Deus, pela redenção e criação. Ele sente qual é a “grandeza excelente desse poder,” que ressuscitou Cristo da morte, de modo que é capaz de vivificar a nós, mortos no pecado, “pelo seu Espírito que habita em nós.” “Essa é a vitória, que supera o mundo, mesmo nossa fé;” aquela fé, que não é apenas uma aquiescência inabalável, para todos aqueles a quem Deus tem revelado nas Escrituras, -- e, em particular, para aquelas verdades importantes: “Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores;” “Ele suportou nossos pecados, em seu próprio corpo, sobre o madeiro;” “Ele é a expiação para nossos pecados, e não apenas para os nossos, mas também, para os pecados de todo o mundo;” [A parte seguinte desse parágrafo é agora acrescida ao sermão, anteriormente, pregado] – mas, igualmente, a revelação de Cristo, em nossos corações; a evidência ou convicção divina de seu amor; que eu, que sou um pecador não mereço; a confiança certa, em sua misericórdia clemente, forjada em nós, pelo Espírito Santo; a confiança, por meio da qual, todo crente verdadeiro é capacitado a dar testemunho: “Eu sei que meu Redentor vive;” que eu tenho um “advogado com o Pai;” que “Jesus Cristo, o justo,” é o meu Senhor, e a “expiação de meus pecados.” Eu sei que ele tem “me amado, e dado a si mesmo por mim.” Ele tem me reconciliado - mesmo a mim - para com Deus; e eu “tenho redenção, através de seu sangue, até mesmo o perdão dos pecados.”
8. Tal fé, como essa, não pode falhar ao mostrar, evidentemente, o poder Dele que a inspira, livrando seus filhos do jugo do pecado, e “purificando a consciência deles das obras mortas;” fortalecendo-os assim, para que eles sejam, não muito longe, constrangidos a serem obedientes ao pecado, aos desejos dele; mas, ao invés de permitirem seus membros, como instrumentos de iniquidade, “permitirem a si mesmos,” inteiramente, “para Deus, como aqueles que ressurgiram da morte.”
9. Aqueles que são assim, pela fé, nascidos de Deus, têm também forte consolo através da esperança. Essa é a próxima coisa com a qual a circuncisão do coração implica; mesmo o testemunho do próprio espírito deles, com o Espírito o qual testemunha em seus corações que [O parágrafo seguinte foi agora acrescido ao sermão, anteriormente, pregado] eles são filhos de Deus. De fato, é o mesmo Espírito que opera neles essa confiança clara e agradável, que o coração deles está aprumado, em direção a Deus; aquela confiança boa, de que eles agora fazem, através da sua graça, as coisas que são aceitáveis aos seus olhos; que eles estão agora, no caminho que os conduz à vida, e devem, pela misericórdia de Deus, permanecer até o fim. É Ele que dá a eles a expectativa vivaz de receber todas as coisas boas das mãos de Deus; um prospecto jubiloso daquela coroa de glória, que lhes está reservada nos céus. Por essa âncora, o cristão é mantido firme, no meio das ondas desse mundo problemático, e preservado de arrebentar-se, em qualquer uma dessas rochas fatais, presunção e desespero. Ele não é desencorajado, por não entender a severidade de seu Senhor; nem Ele menospreza as riquezas de sua benevolência. Ele não teme que as dificuldades do curso da vida, colocadas diante dele, sejam maiores do que ele tem forças para conquistar; nem espera que elas sejam, tão pequenas, como para se submeterem na conquista, até que ele tenha aplicado toda a sua força. A experiência que ele tem na arte de guerra cristã, como essa, assegura a ele que seu “trabalho não é em vão,” se “o que quer que ele tenha de fazer, ele o fizer com todo seu poder.” Isso o proíbe de cogitar qualquer pensamento inútil, como o de obter alguma vantagem, quando nenhuma virtude pode ser mostrada; qualquer elogio obtido, por corações lânguidos e mãos fracas; ou, de fato, por qualquer um, a não ser aqueles que procuram a mesma direção com o grande Apóstolo dos gentios — “Eu,” diz ele, “então, sigo, não de maneira incerta; luto, não como alguém que dá socos no ar: mas eu reprimo meu corpo, e o trago em sujeição; a fim de que não, por algum meio, quando eu pregar a outros, eu mesmo possa ser um réprobo.”
10. Pela mesma disciplina, é todo bom soldado de Cristo, habituando-se a suportar privação. Confirmado e fortalecido por isso, ele será capaz, não apenas, de renunciar às obras da escuridão, mas a todo apetite também, e toda afeição, que não estejam sujeitos à lei de Deus. Porque “cada um,” diz, João, “que tem essa esperança, purificada em si mesmo, assim como Ele é puro,” deverá ter o cuidado, diário, pela graça de Deus, em Cristo, e através do sangue da aliança, de purgar, os recessos mais íntimos de sua alma, da luxúria, que antes a possuiu e a corrompeu; da impureza, inveja, malícia, e ira; de toda paixão e temperamento que está atrás da carne, que brote, ou nutra sua corrupção inerente: Sabendo que seu corpo é o templo de Deus, não deverá admitir coisa alguma, vulgar ou impura, nele; e a santidade fará morada para sempre, onde o Espírito da santidade autoriza morada.
11. Ainda assim, quem quer que tu sejas, tu necessitas de uma coisa: que se junte a esperança vívida, à humildade profunda, e à fé firme, e, por meio disso, numa boa medida, limpe teu coração da poluição inata. Se tu fores perfeito, acrescenta a todos esses, misericórdia; acrescente amor, e tu terás a circuncisão do coração. “O amor é o que cumpre a lei, é a finalidade do mandamento.” Muitas coisas excelentes são faladas sobre o amor; ele é a essência, o espírito, a vida e toda a virtude. Ele não é apenas o primeiro e grande mandamento, mas é todos os mandamentos em um. “Por mais que as coisas sejam justas; por mais que as coisas sejam puras; por mais que as coisas sejam agradáveis, ou honradas;” se há alguma virtude, se há algum louvor, “eles estão todos comprimidos nessa única palavra, — amor.” Nisso há perfeição, glória, e felicidade. A lei excelente dos céus e terra é essa: “Tu deves amar o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente, e com toda as tuas forças.”
12. Não que isso nos proíba de amar alguma coisa, além de Deus: Ele implica que nós amemos nosso irmão também. Nem ainda, ele nos proíbe (como alguns têm estranhamente imaginado) de ter prazer em coisa alguma, a não ser em Deus. Supor isso é supor que a Fonte da santidade seja diretamente o autor do pecado; já que ele tem, inseparavelmente, juntado prazer, para o uso daquelas criaturas, as quais são necessárias para sustentar a vida que ele nos tem dado. Isso, entretanto, nunca pode ser o significado de seu mandamento. Qual o sentido real dele, ambos, nosso amado Senhor e seus Apóstolos nos dizem, muito freqüentemente, e muito plenamente, para ser mal interpretado. Eles todos testemunham, com uma só boca, que o significado verdadeiro dessas declarações diversas é: “O Senhor teu Deus é o único Senhor;” “Tu tens amado o Senhor teu Deus com todas as tuas forças;” “Tu deves ser fiel a ele;” “O desejo de tua alma deve ser o nome Dele;” -- não existe outra do que essa: O único Deus perfeito deve ser a finalidade última de vocês. Uma coisa vocês devem desejar, por causa dele, -- o proveito Dele, que é Tudo em Todos. Uma felicidade, nós podemos propor, para as almas de vocês, sempre uma união com ele que as fez; tendo “camaradagem com o Pai e o Filho;” sendo unidos ao Senhor, em um só Espírito. Um objetivo vocês devem perseguir, até o fim dos tempos, — a alegria de Deus, no tempo e na eternidade. Desejar outras coisas, tanto quanto elas puderem conduzir a isso. Amar as criaturas, já que elas procedem do Criador. Mas, em cada passo que vocês derem, seja esse o ponto glorioso que divise o objetivo de vocês. Deixem todas as afeições, pensamentos, palavras, e obras estarem subordinados a isso. O que quer que vocês desejem ou temam; o que quer que vocês busquem ou evitem; o que quer que vocês pensem ou façam, seja com o objetivo de sua felicidade em Deus, a única finalidade, e a única fonte de sua existência.
13. Não existe fim, para o fim extremo, do que Deus. Como diz nosso Senhor: “Uma coisa é necessária”: E se teus olhos estiverem unicamente fixados nessa única coisa, “todo teu corpo será cheio de luz.” Como diz Paulo: “Uma única coisa eu faço: eu me pressiono, em direção à marca, para o prêmio do chamado ilustre, em Cristo Jesus.” Assim diz Tiago: “Limpem suas mãos, vocês, pecadores; e purifiquem seus corações, vocês irresolutos.” Assim diz João: “não ame o mundo, nem as coisas que existem no mundo. Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a lascívia do olho, e o orgulho da vida, não são de Deus, mas do mundo.” A felicidade buscada que gratifica o desejo e a carne, por, agradavelmente, incidir sobre os sentidos externos; o desejo do olho, da imaginação, por sua inovação, magnificência, ou beleza; ou o orgulho da vida, se pela pompa, grandeza, poder, ou, a conseqüência usual deles, aplauso e admiração; -- “não são do Pai,” não vêm, e, muito menos, são aprovados, pelo Pai dos espíritos; “mas do mundo”: Essa é a marca que distingue aqueles que não terão a Ele para reinar sobre si mesmos.
1. Assim, eu tenho, particularmente, inquirido do que se trata a circuncisão que irá obter o louvor de Deus. Eu vou mencionar, em Segundo lugar, algumas reflexões que, naturalmente, se erguem de tal questionamento, como uma regra clara, por meio da qual, todo homem pode julgar, por si mesmo, se ele é de Deus ou do mundo. Primeiro: Fica claro, pelo que foi dito, que nenhum homem tem o mérito do louvor de Deus, a menos que seu coração seja circuncidado pela humildade; a menos que ele seja pequeno, vulgar, e vil, aos seus próprios olhos; a menos que ele esteja convencido, profundamente, dessa inata “corrupção de sua natureza,” “por meio da qual, ele está muito longe da retidão original,” estando inclinado a todo o mal, avesso a todo o bem, corrupto e abominável; tendo uma “mente carnal, em inimizade para com Deus, não se submetendo à Sua lei; nem ele, de fato, conseguirá isso;” a menos que sinta, continuamente, no mais íntimo de sua alma, que, sem o Espírito de Deus, latente sobre ele, ele nunca poderá pensar, falar, ou fazer alguma coisa boa, ou agradável, aos olhos Dele. Nenhum homem, eu afirmo, tem o mérito do louvor de Deus, até que ele sinta sua necessidade de Deus; nem, realmente, até que ele busque aquela “honra que vem de Deus apenas;” nem deseje ou vá atrás daquilo que vem do homem, a menos que tenda, tão somente, a isso.
2. Uma outra verdade que se segue, naturalmente, ao que já foi dito, é, que ninguém deverá obter a honra que vem de Deus; a menos que seu coração seja circuncidado pela fé; mesmo a “fé da operação de Deus”: A menos que, recusando-se a, não mais, ser conduzido pelos seus sentidos, apetites, ou paixões, ou por aquele guia de cego, tão idolatrado pelo mundo, o raciocínio natural, ele viva e caminhe pela fé; dirigindo cada passo, como que “buscando a Ele que é invisível;” “olhe, não para as coisas que são vistas, as quais são temporais, mas para as coisas que não são vistas, e que são eternas;” e governe todos os seus desejos, desígnios, e pensamentos, todas as suas ações e conversas; como alguém que é incorporado dentro do véu, onde Jesus está sentado à direita de Deus.
3. Seria desejado que, aqueles que empregam muito do seu tempo e dores, em estabelecer outras fundações; fundamentando religião, na aptidão eterna das coisas, na excelência intrínseca da virtude, na beleza das ações fluindo disso; nas razões, como eles as denominam, de bem e mal, e as relações da existência de um para com o outro, fossem familiarizados com essa fé. Mesmo se, esses relatos das fundamentações do dever cristão, coincidem com as Escrituras, ou não. Se for assim, por que os homens, bem intencionados, estão perplexos, extraindo dos assuntos, de maior peso, da lei, através de uma nuvem de termos, por meio da qual, as verdades mais fáceis são explicadas na obscuridade? Se não for assim, então, seria melhor a eles considerarem quem é o autor dessa nova doutrina; se ele é, igualmente, um anjo dos céus, que prega um outro evangelho do que o de Jesus Cristo; Embora que, se ele fosse, Deus, e não nós que teria pronunciado essa sentença: “Deixem-no ser amaldiçoado!”
4. Nosso evangelho, como ele não conhece algum outro alicerce das boas obras, do que a fé, ou da fé, do que Cristo, então, ele, claramente, nos informa que nós não seremos seus discípulos, enquanto negarmos que ele é o Autor, ou seu Espírito é o Inspirador e Aperfeiçoador de ambas, nossa fé e obras. “Se algum homem não tem o espírito de Cristo, ele não é nada dele.” Ele sozinho pode vivificar aqueles que estão mortos para Deus; pode soprar neles o sopro da vida cristã, e assim, prevenir, acompanhar, e os seguir com a sua graça, para trazer os desejos bons deles, para os efeitos bons. E, assim, como muitos são, dessa forma, conduzidos pelo Espírito de Deus, eles são filhos de Deus. Esse é o relato breve e claro de Deus da religião e virtude verdadeiras; e “outro alicerce, nenhum homem poderá estabelecer.”
5. Daquilo que foi dito, nós podemos, em Terceiro lugar, concluir que ninguém é verdadeiramente “conduzido pelo Espírito,” a menos que “o Espírito dê testemunho com seu espírito, que ele é filho de Deus;” a menos que ele veja o prêmio e a coroa, diante dele, e “regozije-se na esperança da glória de Deus.” De maneira que, erraram, grandemente, todos os que ensinaram que, servindo a Deus, nós não devemos ter uma visão, para nossa própria felicidade. Não; mas nós somos, freqüentemente e expressamente, ensinados, por Deus, a ter “apreço pela recompensa do galardão;” equilibrando a luta, com a “alegria, colocada diante de nós;” essas “aflições claras,” com aqueles “pesos excessivos da glória.” Sim, nós somos “estranhos à aliança da promessa,” nós estamos “sem Deus no mundo,” até que Deus, “da sua misericórdia abundante, tenha nos recriado, na esperança viva da herança, incorruptível, inviolada, e que não esmorece.”
6. Mas, se essas coisas são assim, é muito tempo, para essas pessoas lidarem, fielmente, com suas próprias almas, que estão, tão longe, de encontrarem, em si mesmas, essa garantia alegre de que, cumprindo os termos, obterão as promessas, daquela aliança, a respeito da disputa com a própria aliança, e blasfemam das condições dela; para reclamarem que elas são muito severas; e que nenhum homem viveu ou deverá viver para cumpri-las. O que é isso, senão reprovar a Deus, como se ele fosse um Mestre severo, requerendo de seus servos, mais do que eles são capazes de realizar? – Como se ele tivesse escarnecido das obras impotentes de suas mãos, vinculando-os às impossibilidades; ordenando-os a superar, onde, nem suas próprias forças, nem a graça foram suficientes para eles?
7. Esses blasfemadores poderiam quase persuadir (ao imaginarem a si mesmos, inocentes) aqueles que, no extremo oposto, esperam cumprir os mandamentos de Deus, sem carregarem qualquer dor, afinal. Tola esperança! Esse filho de Adão esperar, alguma vez, ver o reino de Cristo e Deus, sem se esforçar; sem agonizar, primeiro, “para entrar no portão estreito.” Que ele, que “foi concebido e nascido no pecado,” e cujas “partes interiores são muito perversas,” pudesse, alguma vez, hospedar um pensamento de ser “puro como seu Senhor,” a menos que “cortasse fora sua mão direta,” “arrancasse o olho direito, e o atirasse longe dele.” Que ele pudesse, alguma vez, sonhar em abalar suas velhas opiniões, paixões, temperamentos, de ser “santificado, no espirilo, alma e corpo, completamente,” sem um curso de abnegação geral, constante e continuada.
8. O que, menos do que isso, nós podemos, possivelmente, deduzir das palavras acima citadas de Paulo, que vivendo “enfermidades terríveis, nas reprimendas, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias,” pela causa de Cristo; que, estando cheio de “sinais, e maravilhas e prodígios;” que, tendo sido “pego no terceiro céu;” ainda assim, (como um recente autor, fortemente, expressou), não tivesse ele essa constante abnegação, todas as suas virtudes seriam consideradas incertas, e mesmo sua salvação considerada em perigo? “Assim, corro eu,” diz ele, “não, de modo incerto;” então, “luto eu, não, como alguém que dá socos no ar.” O que ele, plenamente, nos ensina, é que ele que assim não corre, e que assim não nega a si mesmo, todos os dias, corre, de modo incerto, e luta, para tão pequeno propósito, como aquele que “dá socos no ar.”
9. Para quão pequeno propósito ele fala de “lutar a luta da fé;” quão, vaidosamente, espera obter a coroa da idoneidade, (como nós podemos, por fim, inferir das observações precedentes) aquele cujo coração não é circuncidado pelo amor? Amor, removendo a luxúria da carne, a lascívia do olho, e o orgulho da vida, -- comprometendo o homem, completamente, corpo, alma e espírito, na busca ardorosa desse objetivo único, -- é tão essencial para um filho de Deus, que, sem ele, quem quer que viva é tido como morto diante dele. “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e anjos e não tivesse amor; seria como metal que soa, ou como o sino que tine. Ainda que eu tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.” Não, “ainda que eu desse toda a minha fortuna, para o sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo, para ser queimado; e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.”
10. Aqui, então, está a soma da lei perfeita; essa é a verdadeira circuncisão do coração. Deixe o espírito retornar para Deus que o deu, com toda a série de afeições. Deixe os rios fluírem novamente, para o lugar de onde todos vieram. Outros sacrifícios de nós ele não iria querer; mas o sacrifício vivo do coração que ele tem escolhido. Deixe-no ser, continuamente, oferecido a Deus, através de Cristo, em flamas de amor santo. E não permita que alguma criatura compartilhe com ele. Porque ele é um Deus zeloso. Seu trono ele não irá dividir com algum outro: Ele irá reinar, sem rival. Que nenhum desígnio, nenhum desejo seja admitido lá, mas o que ele tem por seu objetivo último. Esse é o caminho, onde, aqueles filhos de Deus caminharam, aqueles que, estando mortos, ainda falam a nós: “Deseje não viver, mas louvar seu nome: Deixe todos os seus pensamentos, palavras, e obras, tenderem para sua glória. Coloque seu coração firme nele, e, em outras coisas, apenas, se elas estão Nele, ou são Dele. Deixe seu coração ser preenchido, inteiramente, com o amor Dele, que você não amará coisa alguma, a não ser por causa Dele. Tenha uma pura intenção de coração, uma consideração firme para com sua glória, em todas as suas ações. Fixe seus olhos, na esperança abençoada do seu chamado, e faça todas as coisas do mundo servirem a ele.” Para que, então, e não até que, então, “seja aquela mente em nós, a qual também estava em Jesus Cristo;” quando, “em todo mover do nosso coração, em toda palavra de nossa língua, em toda obra de nossas mãos,” nós “não possuamos nada, a não ser, em relação a ele, e em subordinação ao seu prazer;” quando nós, também, não pensamos, falamos ou agimos para cumprir nossa “própria vontade, mas a vontade dele que nos enviou,” quando, “o que quer que comamos ou bebamos, o que quer que façamos, for tudo feito para a glória de Deus.”
Tradução: Izilda Bella
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