Por Reverendo John Wesley
“Ora, o Senhor é o Espírito”. 2 Cor. 3.17''
O
Apóstolo tinha mostrado como a ministração do Evangelho foi superior àquela da lei:
O tempo agora chegou, quando tipos e sombras deverão ser colocados à parte, e
nós devemos ser convidados, para nosso dever, através dos motivos valorosos e
sinceros de uma revelação clara e completa, franca e livre da parte de Deus, e
não, disfarçada por seus embaixadores. Mas o que ele principalmente insiste não
é, a maneira, mas no assunto da ministração deles: “Quem nos torna ministros
capazes”, diz ele, “do Novo Testamento:
Não
da letra, mas do Espírito: Porque a letra mata, mas o Espírito dá vida“. Aqui
se coloca a grande diferença entre as duas dispensações: Que a lei foi, de
fato, espiritual em suas demandas, requerendo uma vida consagrada a Deus, na
observância de muitas regras; mas, não conduzindo assistência espiritual, seus
efeitos foram apenas matar e mortificar o homem, fazendo com que ele entendesse
que ele necessitaria estar em um estado de grande depravação, uma vez que ele
achou difícil obedecer a Deus; e que, assim como as mortes particulares foram,
através daquela instituição infligida para os pecados particulares, assim a
morte, em geral, foi conseqüência de sua pecaminosidade universal. Mas a
ministração do Novo Testamento foi a de um “Espírito que dá vida”, — um
Espírito, não apenas prometido, mas verdadeiramente concedido; que deveria agora
capacitar cristãos a viverem para Deus, e cumprirem os preceitos, ainda mais
espirituais do que o primeiro, e restaurá-los, daqui por diante, para a vida
perfeita, depois das ruínas do pecado e morte.A encarnação, pregação, e morte
de Jesus Cristo foram designadas a representar, proclamar, e nos comprar este
dom do Espírito; e, portanto, diz o Apóstolo: “O Senhor é este Espírito”,ou o
Espírito. Esta descrição de Cristo foi uma indução apropriada para o judeu
acreditar nele; e é ainda uma instrução necessária para os cristãos, para regularem
suas expectativas com respeito a ele. Mas [nós] pensamos que esta época foi
particularmente necessária para ficar bem assegurado o que Cristo é para nós:
Quando aquela questão é tão diferentemente resolvida pelo devoto, mas pelos
fracos relatos de alguns impostores da fé, de um lado, e pelos mais aparentes,
mas não perfeitamente cristãos; relatos de alguns impostores à razão, por
outro: Enquanto alguns derivam dele uma “justiça de Deus”, mas, em um sentido,
de certa forma, impróprio e figurativo; e outros, não mais do que um privilégio
do perdão, e um sistema de moralidade: Enquanto alguns interpretam o Evangelho,
como a estabelecer a santidade, pelo qual deverão ser salvos, através de alguma
coisa divina, mas exterior a si mesmos; e outros, de maneira a colocá-la nas
coisas realmente dentro de si mesmos, mas não mais do que humanas. Agora, a
cura apropriada de tal confusão, de uma maneira, e de tal infidelidade, em
outra, parece estar contida na doutrina do meu texto: “O Senhor é aquele
Espírito”. Ao tratar destas palavras, eu considerarei:
I.
A natureza de nossa queda em Adão; pelo qual parecerá que, se “o Senhor” não fosse
“aquele Espírito”, não seria dito que Ele veio nos salvar ou nos redimir de nossa
condição de queda.
II.
Eu considerarei a pessoa de Jesus Cristo; pelo que aparecerá que “o Senhor é este
Espírito”.
III.
Pesquisarei dentro da natureza e operação do Espírito Santo, como concedido
junto aos cristãos.
IEu
considerarei a natureza de nossa queda em Adão. Nossos primeiros pais
desfrutaram da presença do Espírito Santo; porque foram criados na imagem e
semelhança de Deus, que não era outra, do que seu Espírito. Através disto, ele
comunica-se com suas criaturas; e através disto apenas, elas podem testemunhar alguma
semelhança com ele. É, de fato, a vida dele, neles; e então justamente divina,
que,neste fundamento, anjos e homens regenerados são chamados de seus filhos. Mas,
quando o homem não é mais guiado pelo Espírito Santo, ele o deixa. Quando ele
seria sábio de sua própria maneira, e em sua própria força, e não dependesse,
em simplicidade, sob seu Pai celeste, a semente de uma vida superior seria dele
lembrada.Porque ele não estava mais adequado para ser formado na condição
celestial; quando ele tivesse um desejo tão indigno, ou melhor, uma dependência
sob um fruto mundano, que ele sabia que Deus não o abençoaria; não mais se
adequou para receber os socorros sobrenaturais,
quando não poderia estar contente com seu estado feliz em direção a Deus, sem
um exame demasiadamente curioso nele.
Então,
ele se achou abandonado por Deus, e deixado para a pobreza, fraqueza, e miséria
da sua própria natureza. Ele era agora um mero animal, como outras criaturas
feitas de carne e sangue, mas apenas dotado de um entendimento maior; pelo que
ele deveria ser conduzido ou para absurdos maiores, do que eles seriam culpados,
ou, antes se tornaria consciente da perda de sua felicidade, e se colocaria no
curso correto, para resgatá-la; ou seja, se ele continuasse um apóstata
desatento, ele amaria e admiraria os bens deste mundo, a felicidade adequada
apenas dos animais; e, para recomendá-los e dissimular seus defeitos, acrescentando
todos os ornamentos a eles, que sua inteligência superior poderia inventar.
Ou,
(o que é, na verdade, acima dos brutos, mas não mais perto da perfeição do
homem,como um parceiro de Deus, do que outro), ele estruturaria um novo mundo
para si mesmo,em teoria; algumas vezes, através de imaginações acaloradas, e,
algumas vezes, através dos raciocínios frios, esforçando-se para engrandecer
sua condição e defender sua prática, ou,pelo menos, divertindo-se de sentir sua
própria mesquinhez e desordem.
Se,
por outro lado, ele deveria estar desejoso de descobrir as misérias de sua
queda, seu entendimento pode ser que o supriria de razões, por constante
lamentação, por menosprezar e negar a si mesmo; poderia indicar os efeitos tristes
de afastar-se de Deus e perder Seu Espírito, na vergonha e agonia de uma natureza,
contrária, consigo mesma; desejoso da imortalidade, e ainda assim, sujeito à
morte; aprovando justiça, e ainda assim, tendo prazer nas coisas inconsistentes
com ela; sentindo uma imensa necessidade de alguma coisa para aperfeiçoar e
satisfazer todas as faculdades, e ainda assim, nem sendo capaz
de saber o que aquela coisa seria, e não do que de suas presentes imperfeições,
nem como conquistá-la, e não, do que indo contrário às inclinações atuais dela.
Bem
poderia Adão agora encontrar-se despido; nada menos do que Deus partiu dele.
Até,
então, ele havia experimentado nada, a não ser a bondade e delicadeza de Deus;
uma vida celestial espalhando-se, através de toda sua estrutura, como se ele
não fosse feito de pó;
sua mente foi preenchida com sabedoria angelical; uma direção do alto o levou
pela mão; ele caminhava e pensava corretamente, e parecia não ser uma criança
ou novato nas coisas
divinas. Mas agora ele tinha outras coisas para experimentar; alguma coisa em
sua alma que ele não encontrou, nem precisou temer, enquanto era levado direto,
através do gentil vento da graça divina; alguma coisa em seu corpo que ele não
veria, nem se queixaria dela; enquanto aquele corpo estava coberto com a glória.
Ele sente um auto-desprazer, turbulência,
e confusão tal como é comum a outros espírito que perderam Deus: ele vê aqui motivos
de vergonha presente e uma dissolução futura; e um forte engajamento àquela
vida
humilhante,
que é comum aos animais que nunca desfrutaram da natureza divina.
O
caráter geral, portanto, de um estado atual do homem é a morte, — a morte de Deus,
por meio da qual não mais desfrutamos de alguma ligação com ele, ou felicidade nele;
nós não mais brilhamos com sua glória ou agimos com seus poderes. É verdade, enquanto
temos uma existência, “nele nós devemos viver, e mover, e termos nossa existência”;
mas isto nós fazemos agora, não de uma maneira filial, mas apenas como um servo,
assim como todos, até mesmo, as mais sovinas criaturas, existem nele. É uma
coisa receber de Deus a habilidade para caminhar e falar, comer e digerir, —
ser sustentado por sua mão, como parte desta criação terrestre, e nos mesmos
termos com isto, para uma prova além, ou vingança; e outra, receber dele a vida
que é sua própria semelhança, — ter dentro de nós, alguma coisa que não é desta
criação, e que é nutrida por sua própria palavra e poder imediatos.Ainda assim,
isto não é o todo que está inserido no pecado do homem. Porque elenão está
somente inclinado a toda estupidez de apetite, e todo o orgulho da razão, mas
ele se encontra caído, sob a instrução do maligno, que poderosamente o favorece
em ambos. Oestado em que ele, a princípio, esteve situado, foi um estado da
mais simples sujeição a Deus, e isto o autorizou a beber de seu Espírito; mas
quando ele, não satisfeito, em estar defato no paraíso, sob tão completa luz do
semblante de Deus como ele seria capaz; quis conhecer o bem e o mal, e
satisfazer-se, sob os alicerces racionais, quer fosse melhor para ele ser como
ele era ou não; quando, menosprezando o ser dirigido como um filho, ele quis pesar
cada coisa por si mesmo; e buscar evidência melhor do que a voz de seu Mestre e
o selo do Espírito em seu coração: então, ele não apenas obedeceu, mas
tornou-se igual àquele
filho mais velho do orgulho, e estava infelizmente habilitado às visitas
freqüentes, ou melhor, à contínua influência dele. Como a vida foi incorporada
ao seu manter o
comando,
e, conseqüentemente àquele Espírito, que sozinho poderia formá-la, junto à vida
verdadeira, habitou em seu corpo; assim, sendo sentenciado à morte por sua
transgressão, ele foi liberto “dele que tem o poder da morte, que, é o diabo”,
cujas impressões hostis e indelicadas promovem a morte e pecado de uma só vez.
Este
sendo o estado do homem, se Deus enviasse a ele o Redentor, o que deveria aquele
Redentor fazer por ele? Seria suficiente para ele ser o promulgador de uma nova
lei,
nos dar uma série de preceitos excelentes? Não: Se nós pudéssemos mantê-los,
isto sozinho não nos tornaria felizes. Uma boa consciência traz para o homem a
felicidade de ser
consistente consigo mesmo; mas não aquela de ser erguido acima de si mesmo em Deus;
o que toda pessoa irá encontrar, afinal, é a coisa que ela quer. Deverá ele ser
a fonte de uma justiça imputada, e procurar o favor mais terno de todos os seus
seguidores? Isto também não é suficiente. Embora se admita que um homem possa
ser justo, e eximido de toda punição, ainda assim, se ele é realmente
escravizado pelas corrupções da natureza, quando dotado com esses privilégios
da redenção, ele dificilmente poderá se tornar acessível;
e qualquer que seja o favor que ele possa receber de Deus, aqui, ou no futuro,
não será a cura de um espírito caído, nem a felicidade de alguém reconciliado,
sem uma comunicação
de si mesmo. Então, nosso Redentor não deverá ser (de acordo com o caráter que
São João, seu precursor, deu dele) aquele “batizado com o Espírito Santo”, — a
Fonte e
Restaurador disto para a humanidade, por meio da qual ela é restaurada ao seu
estado primeiro, e prazer de Deus? E isto é um argumento presumível de que “o
Senhor é aquele Espírito”.
II
Mas aparecerá mais claramente que Ele é assim, da Segunda coisa proposta; que
foi a consideração da pessoa de Jesus Cristo.
Ele
foi um, a quem “Deus não deu o Espírito pela medida: mas nele habita toda a plenitude
da Divindade em pessoa; e de sua plenitude nós todos recebemos, e graça por graça”.
Na verdade, todas as comunicações da Divindade, que algumas criaturas poderiam receber,
foram sempre Dele, como a Palavra de Deus; mas tudo que esta humanidade, no estado
terreno deveria receber, deveria ser Dele, através dos meios daquele corpo, a princípio
mortal, como os deles, e, então, glorioso, “na semelhança de Deus”, que ele tomou
para si por causa deles.
No
começo, a Palavra divina – sendo um Espírito que saiu do Pai, e a Palavra de
seu Poder, - feito homem na imagem da imortalidade, de acordo com a semelhança
do Pai. Mas ele
que tem sido feito na imagem de Deus, mais tarde, tornou-se mortal, quando um Espírito
mais poderoso foi separado dele. Para remediar isto, a Palavra tornou-se Homem,
para que o homem, recebendo a adoção, se tornasse um filho de Deus, uma vez
mais; para que a luz do pai descansasse sobre a carne de nosso Senhor, e
brilhasse de lá sobre nós; e assim
o homem, estando envolvido com a luz da Divindade, fosse conduzido até a imortalidade.
Quando ele foi encarnado e tornou-se homem, ele recapitulou em si mesmo todas
as gerações da humanidade, fazendo de si mesmo o centro de nossa salvação, para
aquela que perdemos em Adão, até mesmo a imagem e semelhança de Deus, nós receberíamos
em Jesus Cristo. Através do Espírito Santo vindo sobre Maria, e o poder do Altíssimo
ofuscando-a, a encarnação ou Cristo foi forjada, e um novo nascimento, por meio
do qual o homem teria nascido de Deus, foi mostrado; que, conforme nosso
primeiro nascimento,
nós herdamos a morte; através deste nascimento, herdaríamos a vida. Isto não é
outra coisa do que o que São Paulo nos ensina: “O primeiro homem, Adão, foi
feito uma alma vivente, mas o Segundo Adão foi feito um espírito vivificante”.
Tudo
que o primeiro homem possuiu de si mesmo, tudo que ele nos transmitiu, é “uma alma
vivente”; uma natureza dotada com uma vida animal, e receptiva de uma
espiritual.
Mas
o Segundo Adão é, e foi feito para nós, “um espírito vivificante”; através da
força dele, como nosso Criador, nós éramos, a princípio, elevado acima de nós
mesmos; pela força
dele como nosso Redentor, novamente vivemos junto a Deus.
Nele
está colocado para nós aquele suplemento de nossa natureza, do qual devemos achar
necessidade de mais cedo ou mais tarde; e isto não pode ser contrabalançado por
nenhuma
assistência das criaturas, ou algum aperfeiçoamento de nossas próprias qualidades:
Porque nós formos feitos para sermos felizes apenas em Deus; e todos os nossos
esforços e esperanças, enquanto não estivermos ávidos de nosso estado
deitificado, de compartilhar como verdadeiramente de Deus, como fazemos da
carne e sangue, para sermos glorificados em sua natureza, como temos sido desonrados
em nós mesmos, — são os esforços e esperanças daqueles que se enganam
completamente.
A
sabedoria divina sabia qual era nossa consolação apropriada, embora nós, não soubéssemos.
O que mais obviamente se apresenta no Salvador do mundo, do que uma união do
homem com Deus? – uma união atendida com toda a propriedade do comportamento
a que somos chamados, como candidatos do Espírito; tal como caminhando com Deus
na singeleza do coração, perfeita auto-renúncia, e uma vida de sofrimentos, — uma
união que se submeteu aos estágios necessários de nosso progresso, onde a vida
divina esteve oculta, na maior parte, no secreto da alma, até a morte; no
estado de separação, confortou
a alma, mas não a ergueu acima da região intermediária do Paraíso; na ressurreição,
vestido o corpo com qualidades divinas, e os poderes da imortalidade; e, por
fim,
ergueu-a para a presença imediata e mão direita do Pai.
Cristo
não é apenas Deus acima de nós; que pode nos manter com medo, mas não pode
salvar; mas ele é Emanuel, o Deus conosco, e em nós. Já que ele é o Filho de
Deus, Deus deve estar onde ele está; e como ele é o Filho do homem, ele estará
com a humanidade; a conseqüência disto é que, na era futura, “o tabernáculo de
Deus será com os homens”, e Deus mostrará a eles sua glória; e, no presente, ele
habitará nos corações deles, pela fé em seu Filho.
Eu
espero que suficientemente fique aparente que “o Senhor é este Espírito”.
Considerando
o que somos, e o que temos sido, nada menos do que o receber aquele Espírito
novamente seria redenção para nós; e considerando quem esta pessoa celeste foi,
e que foi enviada para ser nosso Redentor, nós podemos esperar nada menos dele.
III
Eu prossigo agora para a terceira coisa proposta, a saber, pesquisar na
natureza e operação do Espírito Santo, como conferido junto aos cristãos.
E
aqui eu devo ignorar os dons extraordinários concedidos para as primeiras
épocas da edificação da Igreja e apenas considerar que o Espírito Santo é para
todo crente, para sua santificação
e salvação pessoal. Não é garantido para todos ressuscitar dos mortos, e curar
o doente. O que é mais necessário é estar certo, quanto a nós mesmos, que
“passamos da morte para a vida”, manter nossos corpos puros e imaculados, e
deixá-los colher os frutos daquela saúde que flui de uma paciência magnânima, e
das alegrias serenas da devoção. O Espírito Santo tem capacitado os homens a
falar em línguas, e a profetizar; mas a luz que mais necessariamente atende a
ele é a luz para discernir as falácias da carne e sangue, para rejeitar as
máximas anti-religiosas do mundo, e praticar aqueles graus de confiança em Deus
e amor aos homens, cujo alicerce não é tanto nas aparências presentes das
coisas, quanto em alguma que ainda virá. O objeto que esta luz nos faz mais
imediatamente conhecer é nós mesmos; e em virtude disto, alguém que é nascido
de Deus e tem a esperança
viva pode, de fato, ver além, nos caminhos da Providencia, e mais além ainda, nas
Escrituras Santas; porque as Santas Escrituras, exceto algumas partes
acidentais menos necessárias, são apenas a história daquele novo homem que ele
mesmo é; a Providência é apenas uma sábia disposição de eventos para o
despertar de pessoas particulares, e maturando o mundo em geral para a vinda do
reino de Cristo.
Mas
eu penso que a noção verdadeira do Espírito é que Ele é alguma porção, assim como
preparação para a vida em Deus, que nós devemos desfrutar daqui por diante. O
dom do Espírito Santo olha satisfeito para a ressurreição; porque, então, a
vida de Deus está completa em nós.
Então,
depois do homem ter passado por todas as penalidades do pecado, pelo trabalho
penoso e vaidade da vida humana, pelas reflexões dolorosas de uma mente desperta,
pelas enfermidades e dissolução do corpo, e todos os sofrimentos e
mortificações, um Deus justo se colocará em seu caminho; quando, por estes
meios, ele conhecer a Deus e a
si mesmo, seguramente ele será confiado com a vida verdadeira; com a liberdade
e ornamentos de um filho de Deus; porque ele não mais irá se apropriar de
qualquer coisa.
Então,
o Espírito Santo deverá ser completamente concedido, quando a carne não deverá resistir
mais tempo a Ele, mas ser em si mesma transformada em uma condição angelical; vestida
com a não corrupção do Espírito Santo; quando o corpo, nascido com a alma, e vivendo
através dela, poderia ser chamado de animal, deverá agora se tornar espiritual,enquanto
pelo Espírito, ele se ergue na eternidade.
Todas
as coisas no Cristianismo são algum tipo de antecipação de alguma coisa que acontecerá
no final do mundo. Se os Apóstolos fossem pregar, através do comando de seu Mestre,
“que o reino de Deus se aproxima”, o significado seria, que dali por diante,
todos os homens deveriam fixar seus olhos naquele tempo feliz, predito pelos
profetas, quando o Messias viria e restauraria todas as coisas; isto, pela
renuncia de seu modo de vida mundano, e submetendo-se à instituição do Evangelho,
eles poderiam adequar-se, apressando-se para aquela bênção. “Agora somos os filhos
de Deus”, como São João nos diz; ainda assim o que ele nos concede, no momento,
dificilmente justificará aquele título, sem tomar na plenitude da sua imagem
que deverá, então, ser manifestada em nós, quando deveremos ser “os filhos de
Deus, sendo os filhos da ressurreição”.
Crentes
verdadeiros, então, entraram em uma vida, cuja seqüência, eles não sabem porque
ela é “uma vida oculta com Cristo em Deus”. Ele, o precursor, alcançou a finalidade
dela, tendo ido junto ao Pai; mas nós podemos saber não mais dela do que apareceu
Nele, enquanto esteve sobre a terra. E mesmo isto, nós não podemos saber, a não
ser seguindo seus passos; que, se nós o fizermos, deveremos ser tão
fortalecidos e restaurados
dia-a-dia, no homem interior, que não teremos desejo de conforto, para o mundo
presente, através de um sentido de “alegria colocada diante de nós”; embora
que,
quanto
ao homem exterior, nós estaremos sujeitos a aflições e ruínas, e tratados como
o refugo de todas as coisas.
Bem
pode um homem perguntar a seu próprio coração, se ele é capaz de aceitar o Espírito
de Deus. Porque, onde aquele Convidado divino entra, as leis de outro mundo devem
ser observadas: O corpo deve ser oferecido em martírio, ou ser consumido pela
luta cristã, tão despreocupadamente, quanto se a alma já tivesse providenciado
sua casa do céu; os bens deste mundo devem ser deixados, tão livremente, como
se o último fogo fosse apoderar-se deles amanhã; nosso próximo deve ser amado,
tão ternamente, como se ele estivesse
lavado de todos os seus pecados, e demonstrado ser um filho de Deus, pela ressurreição
dos mortos. Os frutos deste Espírito não devem ser meras virtudes carnais, calculadas
para o conforto e decência da vida presente; mas disposições santas, adequadas aos
instintos de uma vida superior já começada.
Assim,
para pressionar adiante, até onde a promessa de vida o chama, — o voltar suas
costas ao mundo, e confortar-se em Deus, — todos que têm fé observam que é
justo e necessário
e o forçam a fazer isto: Todos que têm esperança fazem isto alegremente e zelosamente,
embora não sem dificuldade; mas ele que tem amor faz isto com facilidade e singeleza
de coração.
A
condição do amor, sendo atendida com “alegria inexprimível e cheia de glória”, com
descanso das paixões e vaidades do homem; com a integridade de um julgamento imutável,
e uma vontade indivisível, é, em grande medida, sua própria recompensa; ainda assim,
não tanto a substituir o desejo de outro mundo. Porque embora tal homem, tendo
um livre e insaciável amor por aquilo que é bom, pode raramente ter necessidade
formalmente, para propor a si mesmo as esperanças da retribuição, com o
objetivo de dominar sua repugnância
a seu dever; ainda assim, certamente, ele deve esperar por aquilo que é melhor que
tudo; e sentir uma atração clara, em direção àquela região, na qual ele tem seu
lugar e situação
já atribuída a ele; e juntar-se à expectativa sincera de todas as criaturas,
que esperam pela manifestação dos filhos de Deus. Porque agora nós obtemos,
apenas alguma parte de Espírito, para moldar e nos adequar a incorrupção, que
possamos, por graus, estarmos acostumados a receber e levar Deus dentro de nós;
e, portanto, o Apóstolo chama isto: “a sinceridade do Espírito”; ou seja, uma
parte daquela honra que é prometida a nós pelo Senhor. Se, portanto, a
sinceridade, habitando em nós, nos torna espirituais, até mesmo agora,
e aquilo que é mortal é, por assim dizer, tragado pela imortalidade, como
deverá ser quando, ressuscitando, devamos vê-lo face a face? Quando todos os
nossos membros deverão irromper em canções de triunfo, e glorificar a Ele que
os tem ressuscitado dos mortos, e lhes garantiu vida eterna? Porque, se esta garantia
ou penhor, envolvendo o homem em si mesmo, faz com que ele agora clame: “Aba,
Pai”; o que deverá toda a graça do Espírito fazer, quando sendo dado por fim
aos crentes, nos fará como a Deus, e nos aperfeiçoará através da vontade do
Pai? E, assim, eu tenho feito o que foi, a principio, proposto: Eu tenho
considerado a natureza
de nossa queda em Adão; a pessoa de Jesus Cristo; e as operações do Espírito Santo
nos cristãos.
A
única inferência que traçarei do que tem sido dito, e, principalmente do relato
da queda de um homem, deverá ser a racionalidade desses preceitos da abnegação,
sofrimento
diário,
e renúncia ao mundo, que são tão peculiares ao Cristianismo, e que são o único alicerce
em que as outras virtudes, recomendadas no Novo Testamento, podem ser praticadas
ou obtidas, no sentido lá pretendido.
Esta
inferência é tão natural, que eu não poderia ajudar antecipando isto, em alguma
medida todo o momento. Alguém poderia pensar que não seria difícil persuadir
uma criatura a abominar os símbolos de suas misérias; a não gostar da condição
ou mansão, que apenas a expulsão e desgraça imputou a ele; para tripudiar a grandeza,
refutar os confortos, e
suspeitar da sabedoria de uma vida, cuja natureza o separa de seu Deus.
Seu
Salvador ordena a você que “odeie a sua própria vida”. Se você perguntar a razão,
entre em seu coração, e veja se ele é santo, e cheio de Deus; ou se, por outro
lado, muitas
coisas que são contrárias a Ele são forjadas lá, e ele se torna uma plantação
de inimigos. Ou, se esta é uma pergunta muito agradável, olhe para seu corpo.
Você encontra lá o brilho de um anjo, todo o vigor da imortalidade? Se não,
esteja certo de que sua alma está no mesmo grau de pobreza, nudez, e ausência
de Deus. É verdade, que sua alma pode mais
cedo ser readmitida, para alguns raios de luz do semblante de Deus, do que seu
corpo pode; mas se você desse algum passo, afinal, em direção a isto, o deixar
de gostar de seuego
presente deverá ser o primeiro.
Você
precisa de um motivo, porque você deveria renunciar ao mundo. De fato, você não
pode ver o príncipe dele caminhando, para cima e para baixo, “buscando a quem
ele possa devorar”; e você pode ser tão ignorante de seus conselhos, como a não
saber que eles tomam lugar, assim como na maioria das medidas ilusórias de
trabalho e aprendizagem, quanto
nas buscas mais extravagantes de prazer. Mas isto, no entanto, você não pode
deixar de ver, que o mundo não é ainda um paraíso de Deus, guardado e
enobrecido com a luz da glória;
ele é, na verdade, um lugar onde Deus determinou que Ele não apareceria a você,
na melhor das hipóteses, mas deixaria você em um estado de esperança, para que
você pudesse ver a face Dele, quando este mundo for dissolvido.
Entretanto,
existe um caminho de recuperar a nós mesmo, em grande medida, de todas as conseqüências
danosas de nossa escravidão; e nosso Senhor nos tem ensinado este caminho. É
através do sofrimento. Nós não devemos apenas “suportar muitas coisas”, como
ele o fez, e assim entrar na nossa glória; mas devemos também sofrer muitas
coisas, para que possamos estar acima de nossa corrupção no presente, e
desfrutar do Espírito Santo.
O
mundo não tem poder algum sobre nós, mais do que temos uma rápida satisfação com
seus confortos; e o sofrimento diminui isto. O sofrimento é, de fato, uma
impugnaçãodas pretensões que o temperamento deleitoso nos alcança: Porque eu
sou uma vida humana; e se esta vida contém tal facilidade, prazer estonteante,
eminência gloriosa, como você promete,
porque eu estou assim? Será porque eu não tenho ainda adquirido riquezas para tornar-me
confortável, ou as realizações presentes para tornar-me considerável? Então, eu me
certifico que todo o conforto que você propõe é, conduzindo-me fora de mim
mesmo mas eu antes entrarei profundo em minha própria condição, má como ela é:
Talvez, eu deva ficar
mais perto de Deus, da Verdade Eterna, no sentir tristezas e misérias que são
pessoais e reais, do que em sentir comodidades que não são. Eu já começo a me
certificar que todas as minhas queixas centram-se em um único ponto: Existe
sempre no fundo, uma grande perda ou imperfeição, que não é a falta de amigos,
ou ouro, ou saúde ou filosofia. E a consciência
permanente disto pode possivelmente tornar-se uma oração nos ouvidos do Altíssimo;
— uma oração não resultante de uma série de noções especulativas, mas de um estado
real, não dissimulado de tudo que está dentro de mim; nem, na verdade, uma
oração tão explícita como alguma que eu possa fazer; uma vez que, então, o
sofrimento me abre uma
porta de esperança, eu não o colocarei fora de mim, por quanto tempo eu viva:
Ele me ajuda a um verdadeiro descobrimento de um período de minha existência,
embora seja um menor; e ordena mais justeza, por ter alguma ligação com um
período mais glorioso que eu possa
seguir, do que a artimanha da indulgência, os deleites do orgulho e abertura, e
toda a diplomacia sombria deste mundo que promove guerra com toda a verdade,
para que o homem
deva saber e sentir, antes que possa olhar em direção a Deus. Pode ser,
enquanto eu continuo na cruz, que eu deva, assim como meu Salvador, dissuadir
“principados e potestades”;
recuperar-me mais e mais da dependência em que eu estou, de fato, mergulhado (o
que ele apenas pareceu estar) nestas regras pecaminosas, e “triunfar sobre elas
nisto”. Pelo menos, deve parecer, no dia, em que Deus deva visitar, que meu
coração, embora crescido indigno de sua residência, eram muito grande para ser
confortado por alguma das suas criaturas; e foi mantido para ele, como um lugar
originalmente sagrado, embora para o momento, impuro.
Mas,
supondo que nosso estado requeira “morrermos diariamente”, — sacrificarmos tudo
que esta vida presente possa vangloriar-se, ou deleita-se, antes que desistamos
da própria vida; supondo também que no momento em que façamos algo deste tipo,
recebamos luz e força de Deus, para nos tornarmos superiores às nossas enfermidades, e
sermos carregados calmamente em direção a Ele, na alegria do Espírito Santo;
ainda assim, como um homem pode ter tais oportunidades freqüentes de
sofrimento? Na verdade, martírios
não acontecem em todas as épocas, e alguns dias de nossas vidas podem passar, sem
a reprovação de homens; podemos estar saudáveis, e não necessitarmos de
alimento e roupas
para se vestir; (embora a própria saúde e a própria nutrição nos obriguem à dor
de uma constante correção delas); ainda assim, o amor a Deus e a esperança
divina não necessitará de alguma coisa para oprimi-las neste mundo.
Permita
que um homem humilhe-se calmamente em seu coração, e veja, se não existe raiz
de amargura brotando; se, pelo menos, seus pensamentos, que estão sempre em movimento,
algumas vezes, não investem em projetos sugeridos pelo orgulho, ou mergulha em
uma indolência insignificante, ou está emaranhado em ansiedade vã. Ele não
encontra um
impulso de ira, ou de folia, fermentando-o, num instante, por todo; privando-o
da humildade e discernimento constante que ele trabalhou em seguida? Ou deixe
ele entender, a
qualquer tempo, daquela obediência verdadeira, e zelo vigilante, e dignidade de
comportamento, que, são adequados, eu não digo para um anjo, mas para um
pecador que tem “a boa esperança, pela graça”, e, se esforce para operá-la; e
se ele não encontrar nenhum tipo de obstáculo disto dentro dele, de fato, ele não
tem, nenhuma oportunidade de sofrimento. Em resumo, se ele é tal espécie abjeta
de criatura, como será, a mesmo que a graça possa causar a ele violência
perpétua, freqüentemente recaída em um curso de pensamento e ação, inteiramente
sem Deus; então, nunca lhe faltará oportunidades de sofrimento, mas se
certificará que sua própria natureza é o mesmo fardo para ele, como aquela
“geração infiel e perversa” foi para nosso Salvador, da qual Ele disse: “Por
quanto tempo eu devo estar com vocês? Por quanto tempo eu devo sofrer vocês?”.
Eu concluirei tudo com
aquele excelente Coleta de nossa Igreja: — “Ó, Deus, que em todas as épocas tem
ensinado os corações de teu povo fiel, enviando-os a luz do teu Espírito Santo;
conceda nos, através do mesmo Espírito ter o julgamento correto em todas as
coisas, e sempre mais nos regozijarmos em seu santo conforto, através dos
méritos de Jesus Cristo, nosso Salvador; que vive e reina contigo, na unidade
do mesmo Espírito, um Deus, mundo sem fim. Amém!
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