Por Pastor Metodista Leonard Ravenhill
“Por
mais erudito que um homem seja, por mais perfeita que seja sua capacidade de
expressão, mais ampla sua visão das coisas, mais grandiosa sua eloquência, mais
simpática sua aparência, nada disso toma o lugar do fervor espiritual. É pelo
fogo que a oração sobe aos céus. O fogo empresta asas à oração, dando-lhe
acesso a Deus; comunica-lhe energias e torna-a aceitável diante do Senhor. Sem
fogo não há incenso; sem fervor não há oração.” E. M. Bounds
“Pela
fé e pela oração, fortaleça as mãos frouxas e firme os joelhos vacilantes. Você
ora e jejua? Importune o trono da graça e seja persistente em oração. Só assim
receberá a misericórdia de Deus.” João Wesley
“Antes
de ocorrer o grande avivamento de Gallneukirchen, Martin Boos passava horas e
horas, dias e dias, e até noites em oração, intercedendo sozinho, agonizando
perante Deus. Mas quando ele pregava, sua palavra era como fogo, e o coração
dos ouvintes, como capim seco.” D. M. McIntyre.
Na igreja moderna, a reunião de oração é uma
espécie de Cinderela. Essa serva do Senhor é desprezada e desdenhada porque não
se adorna com as pérolas do intelectualismo, nem se veste com as sedas da
Filosofia, nem se acha ataviada com o diadema da Psicologia. Mas se apresenta
com a roupagem simples da sinceridade e da humildade, e por isso não tem receio
de se ajoelhar.
O “mal” da oração é que ela não se acha
necessariamente associada a grandes façanhas mentais. (Não quero dizer, porém,
que se confunda com preguiça mental.) A oração só exige um requisito: a
espiritualidade. Ninguém precisa ser espiritual para pregar, isto é, a
preparação e pregação de um sermão perfeito segundo as regras da homilética e
com exatidão exegética, não requer espiritualidade. Qualquer um que possua boa
memória, vasto conhecimento, forte personalidade, vontade, autoconfiança e uma
boa biblioteca pode pregar em qualquer púlpito hoje em dia. E uma pregação
dessas pode sensibilizar as pessoas; mas a oração move o coração de Deus. A
pregação toca o que é temporal; a oração, o que é eterno. O púlpito pode ser
uma vitrina onde expomos nossos talentos; o aposento da oração, pelo contrário,
desestimula toda a vaidade pessoal.
A grande tragédia de nossos dias é que existem
muitos pregadores sem vida, no púlpito, entregando sermões sem vida, a ouvintes
sem vida. Que lástima! Tenho constatado um fato muito estranho que ocorre até
mesmo em igrejas conservadoras: a pregação sem unção. E o que é unção? Não sei.
Mas sei muito bem o que é não ter unção (ou pelo menos sei quando não estou
ungido). Uma pregação sem unção mata a alma do ouvinte, em vez de vivificá-la.
Se o pregador não estiver ungido, a Palavra não tem vida. Pregador, com tudo
que possuis, adquire a unção.
Irmão, nós poderíamos ter a metade da capacidade
intelectual que possuímos se fôssemos duas vezes mais espirituais. A pregação é
uma tarefa espiritual. Um sermão gerado na mente só atinge a mente de quem o
ouve. Mas gerado no coração, chega ao coração. Um pregador espiritual, sob o
poder de Deus, produz mentalidade espiritual em seus ouvintes. A unção não é
uma pombinha mansa esvoaçando à janela da alma do pregador; não. Pelo
contrário; temos de batalhar por ela e conquistá-la. Também não é algo que se
aprenda; é bênção que se obtém pela oração. Ela é o prêmio que Deus concede ao
combatente da fé, que luta em oração, e consegue a vitória. E não é com
piadinhas e tiradas intelectuais que se chega à vitória no púlpito, não. Essa
batalha é ganha ou perdida antes mesmo de o pregador pôr os pés lá. A unção é
como dinamite. Não é recebida pela imposição de mãos, nem tampouco cria mofo se
o pregador for lançado numa prisão. Ela penetra e permeia a alma; abranda-a e
tempera-a. E se o martelo da lógica e o fogo do zelo humano não conseguirem
quebrar o coração de pedra, a unção o fará.
Que febre de construção de templos estamos
presenciando hoje. No entanto, sem pregadores ungidos, o altar dessas igrejas
não verá pecadores rendidos a Cristo. Suponhamos que todos os dias diversos
pescadores saiam para o alto-mar com seus barcos, levando o mais moderno
equipamento que existe para o exercício deste ofício, mas retornem sempre sem
apanhar um só peixe. Que desculpa poderiam dar para tal fracasso? No entanto é
isso que acontece nas igrejas. Milhares delas estão abrindo as portas
dominicalmente, mas não veem conversão. Depois tentam encobrir sua esterilidade
interpretando textos bíblicos a seu bel-prazer. Mas a Bíblia diz: “Assim será a
palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia...”
E o mais triste em tudo isso é que o fogo que
devia haver nesses altares encontra-se apagado ou arde em combustão muito
lenta. A reunião de oração está morrendo ou já morreu. Com a atitude que temos
em relação à oração, estamos dizendo ao Senhor que o que ele começou no Espírito,
nós terminaremos na carne. Qual é a igreja que pergunta a um candidato ao
ministério quanto tempo ele passa diariamente em oração? A verdade é que o
pregador que não passa pelo menos duas horas por dia em oração, não vale um
vintém, por mais títulos que possua.
A igreja hoje se acha como que postada na
calçada assistindo, entre aflita e frustrada, à parada dos maus espíritos (...)
que marcham pomposamente no meio da rua respirando ameaças contra “tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama”. Além disso, no lugar da regeneração, o diabo
colocou a reencarnação; no lugar do Espírito Santo, os espíritos-guias; no
lugar do verdadeiro Cristo, o anticristo.
E o que a igreja tem para contrapor aos males da
pós-modernidade? Onde está o poder espiritual? A impressão que se tem é que,
ultimamente, uma forte sonolência tomou o lugar da oposição religiosa, nos
púlpitos e também nas publicações evangélicas. Quem hoje batalha
“diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”? Onde
estão os combatentes divinamente ungidos de nossos púlpitos? Os pregadores, que
deviam estar “pescando homens”, parecem estar pescando mais é o elogio deles.
Os que costumavam espalhar a semente, agora estão colecionando pérolas
intelectuais. (Imagine só, semear pérolas num campo!)
Chega dessa pregação estéril, espiritualmente
vazia, que é ineficaz, porque foi gerada num túmulo e não num ventre, e se
desenvolveu numa alma sem oração, sem fogo espiritual! É possível alguém pregar
e ainda assim se perder; mas é impossível orar e perecer. Se Deus nos chamou
para o seu ministério, então, prezados irmãos, insisto em que precisamos de
unção. Com tudo que possuis, adquire a unção, senão os altares vazios de nossas
igrejas serão exemplos vivos de nosso intelectualismo ressequido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário