Por Fabio Alves. ( Resenha do livro Usos e costumes dos tempos Bíblicos)
A palestina do tempo de Jesus
está sob o domínio de Roma. O imperialismo romano contem as mesmas marcas do
imperialismo atual: metrópole rica e subúrbios pobres. É neste contexto e nesta
realidade que estava vivendo o povo de Israel. Se por um lado o jugo romano
trouxe “paz”, por outro, os impostos eram altos e a qualidade de vida baixa. O
que fazia com que a população gemesse e orasse por uma solução vinda da parte
de Deus.
Neste período histórico é que se dá a manifestação de Jesus, o Senhor dos
senhores, o Ungido de Deus, que em seu tempo encontra diversos grupos sociais
que são também partidos, denominações religiosas. São esses grupos sociais:
Samaritanos
Os samaritanos tomaram o nome da cidade de Samaria, capital
do reino do norte de Israel, A partir do período dos reis Onri e Acabe. A cidade de Samaria foi destruída pelos
assírios em 721 antes de cristo, e cerca de 27 mil pessoas das classes dos
governantes dos artesãos mais hábeis foram deportados para a assíria e
dispersos.
Como parte da política assíria, a liderança da cidade passou
a outros povos vassalos, afim de que a falta de comunicação com trabalhadores
locais combinada com a gratidão que os novos administradores sentiam pelos
assírios por dar-lhes uma posição de autoridades resultassem numa situação
estável e pacífica. As coisas, porém, não deram muito certo. O número de
animais selvagens aumentou na região numa taxa alarmante, causando a morte de
muitas pessoas.
Os recém-chegados acreditavam que, esses ataques
significavam que eles não estavam adorando o deus de Samaria da maneira
adequada. Um dos sacerdotes do exílio foi enviado de volta para ensinar a fé
judia e ele estabeleceu um santuário religioso em Betel. Como resultado,
formou-se uma religião sincretista entre a adoração de javé e a adoração dos
deuses locais dos novos governantes de Samaria.
Alguns cidadãos do Reino do norte que não tinham sido
levados adoravam em Jerusalém.
Com a instauração do império Persa e o regresso dos Judeus
os Samaritanos em sua maioria ficaram alarmados por ser a capital do sul rival
da antiga capital do norte. Os samaritanos foram rechaçados pelos judeus por
causa de sua natureza sincretista.
Toda rivalidade entre norte e sul estava viva e estava longe
de ser superada.
Essa animosidade era
antiga reporta-se ao tempo em que as doze tribos ocuparam Canaã.
As tribos do norte se separaram das do sul por uma linha de
fortalezas cananitas, e quando Davi tornou-se Rei ele governaria sobre todo o
Israel ou seja sobre dois reinos unidos, assim foi também com seu filho Salomão
mas a seguir ouve a divisão e depois disso só se aumentou a rivalidade entre os
nortistas e sulistas de Israel. Mas tarde parece que um grupo de samaritanos
estabeleceu a adoração ao Senhor em Siquém, centralizado no monte Gerazim e uma
fé distinta se estabeleceu gradualmente.
Os samaritanos aceitaram o Pentateuco em sua língua como
leitura autorizada e essa posição foi refletida em seu credo: Só há um Deus ; Moises foi o seu profeta e
voltará um dia como restaurador, algumas vezes chamado de “Messias”.
Por causa da diferença de credo, existia uma forte diferença
entre os que adoravam no monte e os que adoravam no templo restaurado.
Apesar do Senhor em varias oportunidades ter ressaltado o
lado bom dos samaritanos, Jesus segue a lógica teológica da maioria dos judeus
e faz o embate pratico com os
samaritanos. Pois disse o Senhor nós judeus sabemos o que falamos.
Os Helenistas e os Hassidim
Os helenistas e os hassidim se separam durante o período da
conquista grega. Os gregos não só conquistaram diversos territórios mas levaram
com eles sua cultura e estilo de vida que foi em parte adotado por muitos
judeus.
A corrupção de parte da elite
judaica que subornava governantes gregos para receberem favores deles ao mesmo
tempo em que adotavam seu estilo de vida.
O momento mais critico desta
relação foi quando os judeus apoiaram os gregos egípcios contra os gregos da
síria. O rei grego sírio que tinha como projeto uma helenização radical de seus súditos no caso dos judeus
tentou eliminar o próprio judaísmo e teve apoio desta elite corrupta. Mas esses
mesmo governantes só o apoiaram em parte. Aceitou-se um sumo sacerdote chamado Jasão, que
construiu um ginásio na cidade e encorajou os jovens a usarem roupas gregas.
Mesmo depois da revolta dos
macabeus os judeus helenistas continuaram com grande prestigio político. O povo comum, homens piedosos e os hassidim
resistiram fortemente ao processo de helenização, pois criam que os jovens
estavam sendo atraídos pelo estilo decadente de vida dos gregos.
Os hassidim eram homens
religiosos e o nome significa piedoso e gracioso os hassidim resistiram ao
processo de helenização sendo o seu contra ponto.
Quando os macabeus se revoltaram
contra os sírios, os hassidim se prepararam para participar da luta pela
liberdade religiosa. Porém, quando os sucessores asmoneus dos macabeus se
envolveram no conflito pelo poder e trabalharam com os helenistas em sua
própria comunidade e com os gregos em Antioquia, eles foram abandonados pelos
hassidim que preferiram ser fieis a sua fé religiosa. Os asmoneus seguiram sua
aliança com os helenistas. No Novo Testamento não se menciona os helenistas e
os hassidim, mas os seus sucessores são bem conhecidos por todos nós.
Os saduceus.
Os saduceus foram os sucessores
dos helenistas e mantinham-se no poder ainda como classe rica e reinante,
identificando-se com o sumo sacerdócio e com o pensamento grego.
Eles achavam o mundo um lugar bom
para se viver e estavam mais interessados no aqui e agora e eram contrários a
doutrina da ressurreição do juízo e vida. Rejeitavam a ideia da ressurreição em
favor da doutrina grega de imortalidade da alma, e criam na possibilidade de
demonstrar que a ressurreição corporal era ridícula. Limitaram o Canon aos
cinco livros de Moises. Os saduceus rejeitavam qualquer crença em anjos e
espíritos e seguiam a moral do bom senso, o bem e o mal criam eles, resultavam
dos atos pessoais. Os saduceus nos dias do Senhor Jesus eram maioria no
Sinédrio e o sumo sacerdote era saduceu. Foram os saduceus que mandaram matar
Jesus. Eles se opunham ao Senhor
Jesus pois o Senhor era contrario a sua
doutrina e a ressurreição de lazaro botou em cheque a sua existência como
partido. Queriam preservar seu status quo e por isso mataram o Senhor pois se
sentiam ameaçados por Jesus. Esse agitador Galileu estava tirando o sono do
sumo sacerdote da classe dominante hebreia e a solução era silenciado a todo
custo.
O Senhor Jesus e os saduceus
tiveram vários embates.
Os Herodianos.
Os Herodes eram uma família
edomita e governavam o país. Os herodianos são aqueles que apoiavam e seguiam
os Herodes. Os herodianos aceitavam o bem que Herodes o Grande fizera por
Jerusalém ao ter construído o templo e seu intermédio era visto por muitos
melhor que a relação direta com os romanos. O seu estilo de vida era mundano e
nada religioso. Os herodianos fizeram
oposição a João Batista e a Jesus por dois motivos: O primeiro era o seu estilo
de vida e o segundo é que se sentiam ameaçados em seu status quo.
Os herodianos se opunham ao
Senhor pois seus ensinos são totalmente contrario ao estilo de vida de Herodes
e dos herodianos.
Os fariseus.
Os fariseus seguiam uma linha
direta a partir dos hassidim. Seu nome significa os que separam. Avia cerca de
seis mil deles dos dias de Jesus. Acima de tudo os mais, eles se preocupavam
com sua fé religiosa, e criam que o exílio resultara da quebra da Lei de Deus
por parte de seus ancestrais. Queriam ser legalmente puros, separados de
qualquer contaminação. Acreditavam que a diferença entre puro e impuro estava
relacionado à obediência da lei. Puro: obediência legal da lei. Impuro:
significava a desobediência da mesma. No desejo de cumprir os seiscentos e
trinta mandamentos do Torá e porque muitos deles não são específicos causaram
debates infindáveis.
Isso levou os fariseus a
inventarem um conjunto de regulamentos destinados a impedir que as pessoas
quebrassem a lei. Então era necessário contar historias para ilustrar os
princípios da lei e as decisões da lei deviam ser transmitidas a outros. A
responsabilidade por esse aspecto do trabalho foi dada aos escribas e avia
varias escolas diferentes de interpretação. A escola de pensamento estrito era
dirigida por Shammai, que descendia de uma família rica e aristocrática. A
escola tolerante de pensamento era dirigida por Hillel, que vinha da classe
media e compreendia o povo. As diferenças de interpretação se tornaram
problemas graves, de modo que pediram a Jesus que desse sua opinião sobre as
conflitantes leis do divórcio. As interpretações da lei que eram feitas pelos
fariseus não tinham inserção nas grandes multidões ao contrario o Senhor Jesus
falava para milhares. Os fariseus acreditavam nas doutrinas históricas do
judaísmo: Na unidade, Santidade, e Providencia de Deus, Na Ressurreição, na
alma imortal trazendo reavivamento do corpo, e no juízo final e eleição de
Israel. Eles davam dizimo de tudo que possuíam e pesavam por uma vida de boa
moral. Os fariseus, sobreviveram a todos os outros grupos e, à medida que suas
tradições progrediam, se tornaram os fundadores do judaísmo moderno. Os grandes
embates entre Jesus e os fariseus e que a doutrina de Jesus falava de uma
mudança do interior do homem que refletia no seu exterior, e a doutrina dos
fariseus era apenas ritos e obediência exterior da sua interpretação da lei. Os
fariseus por causa de suas tradições colocaram sobre o povo um fardo legalista
pesado que os mesmos jamais cumpriram enquanto o Senhor Jesus expôs lei como ela é e ao contrario dos fariseus
cumpriu toda a lei porque tinha sobre ele o espírito da lei.
Os fariseus eram corruptos,
perversos, atores que não agiam de acordo com o espírito da lei. E vista dessa
falsa espiritualidade sendo centro de sua fé, eles se voltaram contra Jesus
juntamente com outros grupos.
Os
Essênios foi um partido que no tempo de Jesus reunia mais ou menos quatro mil
pessoas. Quando possível eles reunião em comunidades particulares e viviam de
modo reminiscente dos monges nos mosteiros da Europa medieval. Havia um
noviciado de dois estágios. No final do primeiro período faziam um ritual de
purificação e no final do segundo o noviço se tornava um membro pleno da
comunidade, tinha permissão para fazer vários juramentos e, mais importante,
para participar da refeição em comum.
Os
essênios criam que Deus iria cessar a era perversa em resposta às suas vidas
boas e suas orações e que o final que tanto almejavam seria marcado pela
aparição do príncipe da linhagem de Arão que derrotaria as forças do mal, e um
profeta revelaria a vontade de Deus. Os essênios não se casavam e eram dedicados aos estudos das questões religiosas
e morais.
Apesar
da tentativa de ligar João Batista aos essênios não há nenhuma prova documental
ou arqueológica que prove essa ligação. Por outro lado os essênios não
aceitaram Jesus como o Cristo bendito filho de Deus e ao contrário dos
discípulos do Nazareno se isolaram em comunidades próprias confiando em boas
obras e não vivendo por fé.
Já os apóstolos correram o mundo pregando as boas
novas. João Wesley nos lembra que nossa religião é social e que vivemos por fé
no filho de Deus que nos faz produzir boas obras e, não confiamos em obras e
ficamos isolados esperando o fim. Os
essênios também batizavam de forma ritualística.
Os Zelotes.
Os zelotes reagiram ao
imperialismo romano de forma a organizar
uma resistência não só política e religiosa mas também militar. Eles criam que
Deus só remiria a terra se os romanos fossem expulsos da terra. Tiraram seu
nome do zelo que tiveram os macabeus. Eles afirmavam que o pagamento de impostos
para os romanos era traição contra Deus.
Os romanos se referiam aos zelotes
como sicários ou homens do punhal pois usavam muito esta arma. Alguns acreditam
que os zelotes tentaram estimular Jesus a chefiar uma revolta popular o que não
a qualquer prova seja documental ou arqueológica. Segundo esses teólogos
Judas Iscariotes trabalhou com os
zelotes, mas não é o que nos informa o evangelho que diz que o problema do
Iscariotes é de caráter pois o mesmo era ladrão e não um patriota e o próprio
Jesus nos diz que Judas é o filho da perdição.
Os zelotes era um grupo
nacionalista e radical e acabaram por se envolver na revolta que provocou a
destruição de Jerusalém no ano 70 dC. Eles recuaram para fortaleza que haviam
tomado dos romanos e caíram em 74 dC. Apesar disso tudo os zelotes continuaram
ativos até a rebelião de Bar Cochba em 135 dC. Que levou os judeus a expulsão
total de sua terra e a destruição completa de Jerusalém.
Os ensinamentos do Senhor eram
opostos aos dos zelotes, apesar de não ter sido um grupo que se contrapunha
diretamente ao evangelho.
Jesus e os discípulos
Em seu ministério o Senhor Jesus se tornou muito popular em
pouco tempo. Sempre cercado por grande multidão muitas cidades de seu tempo
ficaram pequenas e não comportavam as massas que o seguiam.
Primeiro o Senhor ficou conhecido pelas cidades do norte e
depois pelo povo no sul.
É importante observar que são os mais pobres que o seguem
apesar de ter gente de todas as classes sociais e ser um grupo de mulheres
abastadas que sustentam com as maiores ofertas o seu ministério.
O Senhor Jesus anunciou
as boas novas em todo território de Israel e segundo o evangelho de João
não caberiam em livros a quantidade de milagres e maravilhas que foram
realizadas pelo Senhor em três anos de atividade ministerial.
Muitos em Israel confundiram o Senhor Jesus com os antigos
profetas como Jeremias e Elias, mas os seus seguidores estavam convencidos que Ele era o messias que estava porvir.
Apesar de crer que Jesus era o Cristo a teologia de seus
discípulos estava longe do ensinamento do mestre, enquanto Jesus dizia que ia
morrer alguns de seus mais íntimos discípulos estavam discutindo para ver quem
se assentaria a direita e a esquerda do Senhor quando o mesmo estabelecesse o
seu Reino. Os discípulos só conseguiam enxergar o Messias que subjuga as nações
e estabelece o governo de paz, mas , não conseguiram ver o Messias sofredor e
que seria tirado descrito nos profetas.
Muitos do povo creram em Jesus desta forma e o receberam em
Jerusalém como o filho de Davi, porém quando o Senhor morre só os mais íntimos
entendem por revelação do Jesus ressurreto e por ação do Santo Espírito a
missão do messias como cordeiro de Deus.
É na sua volta triunfante que Ele virá finalmente como o
Leão da tribo de Judá.
Na festa de pentecoste nasce uma igreja poderosa que começa
com 120 irmãos e logo depois se acrescenta 3000 almas e muitas outras eram
salvas diariamente. Nasce o agrupamento dos Nazarenos que recebe inicialmente o nome
de povo do Caminho e depois o titulo de Cristãos.
A igreja começa em Jerusalém e se espalha por todo vasto
império Romano.
Roma a capital do império também se tornou uma
cidade de grande contingente de cristãos.
A perseguição não tardou e depois de iniciada ceifaria
milhares de vidas que tinham se entregue ao Senhor.
A primeira testemunha a perder a sua vida por causa do
evangelho foi Estevão.
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