Por Pastor e Teólogo Ariovaldo Ramos
Enquanto isso, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus
discípulos e dos seus ensinamentos.
Respondeu-lhe Jesus: "Eu falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada disse em segredo.
Por que me interrogas? Pergunta aos que me ouviram. Certamente eles sabem o que eu disse".
Quando Jesus disse isso, um dos guardas que estava perto bateu-lhe no rosto. "Isso é jeito de responder ao sumo sacerdote? ", perguntou ele.
Respondeu Jesus: "Se eu disse algo de mal, denuncie o mal. Mas se falei a verdade, por que me bateu? "
Então, Anás enviou Jesus, de mãos amarradas, a Caifás, o sumo sacerdote. João 18: 19-24 NVI
Respondeu-lhe Jesus: "Eu falei abertamente ao mundo; sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada disse em segredo.
Por que me interrogas? Pergunta aos que me ouviram. Certamente eles sabem o que eu disse".
Quando Jesus disse isso, um dos guardas que estava perto bateu-lhe no rosto. "Isso é jeito de responder ao sumo sacerdote? ", perguntou ele.
Respondeu Jesus: "Se eu disse algo de mal, denuncie o mal. Mas se falei a verdade, por que me bateu? "
Então, Anás enviou Jesus, de mãos amarradas, a Caifás, o sumo sacerdote. João 18: 19-24 NVI
Os soldados, que prenderam Jesus, o levaram primeiro à casa de Anás.
Anás era um corrupto que se vendeu aos romanos para garantir a
subserviência de Israel.
Anás foi sumo sacerdote por imposição romana, comandou o Templo por 21
anos, quando, então, foi deposto, depois de um breve período em que alguém que
não era de sua família assumiu o seu lugar, ainda que sob a águia romana; Anás
retomou o seu prestígio e cada um de seus cinco filhos, um neto e, finalmente,
seu genro, Caifás, exerceram o sumo sacerdócio.
A rigor, Jesus não tinha de estar lá, Anás, agora, não era nada além de
sogro do sumo-sacerdote, mas, de fato, ele, por meio de manobras tenebrosas,
foi quem garantiu para os seus filhos, neto e genro, o supremo ofício, assim,
passou a determinar os passos de todos os sumos-sacerdotes, entre os seus, após
ele. Anás se tornou a eminência parda do sumo sacerdócio em Israel.
João, como Lucas (3.1,2), denuncia esse golpe, ao chamar de sumo
sacerdote, no poder, tanto Anás como Caifás.
Jesus não reconheceu a Anás como sumo sacerdote e se recusou a responder
as suas perguntas. Jesus já havia enfrentado Anás, quando expulsou os
vendilhões do Templo que, segundo Hendriksen, eram a provável fonte da grande
riqueza da família de Anás (comentário de João 18.13, páginas 801, 802 -
Comentário do Novo Testamento - Editora Cultura Cristã).
As palavras de Jesus foram provocadoras e denunciadoras: disse que tinha
o povo como testemunha, porque falará em lugares públicos, portanto, se Anás
quisesse saber qualquer coisa de Jesus, que recorresse ao povo - Jesus
demonstrava saber que Anás jamais recorreria ao povo, até porque havia um sério
questionamento popular acerca de sua interferência; Jesus, também, questiona-o
como interrogador, denunciando seu abuso e usurpação de poder, não
reconhecendo, portanto, nenhuma autoridade a Anás. Jesus se recusa a cooperar
com o golpista e com a manutenção do estado de golpismo.
Segundo Hendriksen, Anás tinha, na prática, mais poder que Caifás.
Diante da declaração de Jesus de Nazaré, por seu aparente desrespeito ao
pretenso sumo sacerdote, um soldado o esbofeteia; Jesus não se dobra à
violência, questiona o soldado, exige que se prove onde ele teria errado ou
praticado o mal, ou cometido crime, e mais, denuncia a violência do soldado a
serviço do desvirtuamento da instituição sacerdotal.
Frente à recusa de Jesus em cooperar com o golpismo, Anás o envia para o
sumo sacerdote Caifás, que, apesar de toda a história pregressa, por anuência
do povo, que o reconhece, está sumo sacerdote em Israel.
Ainda que Deus não estivesse mais no templo, mas, no deserto, como disse
João, o Batista (Jo 1.23), Jesus mantém a lógica institucional. Caifás, no
entanto, coerente com a forma como chegou ao poder, iria desrespeitar, mais uma
vez, a instituição que deveria defender.
Jesus estava para o sacrifício (Jo 10.17,18; Mc 10.33,34), parece que
isso deveria relativizar tudo, contanto que ele cumprisse a sua missão, não
importando como isso viesse a acontecer. Jesus, entretanto, não concordou com
essa lógica, ele se recusou a submeter-se ao desvio da institucionalidade.
Jesus, mais uma vez, retoma a postura de enfrentamento, a mesma que
usara quando da derrubada das mesas dos cambistas no pátio dos gentios.
Quando falamos em propagação do evangelho, geralmente, nos referimos à
proclamação e às boas obras, há, entretanto, um outro movimento de pregação, o
enfrentamento - que participa da lógica do sacrifício.
No enfrentamento, em nome do Senhor, denunciamos, com palavras e atos, o
mal nas instituições e na história.
A necessidade de enfrentamento acontece em situações onde os sermões
precisam ser seguidos de atos de denúncia e de protesto, como o fez o Senhor
Jesus, mesmo quando em estado de subjugação pela força.
A Igreja do Cristo não é mera espectadora da história, até porque o
cumprimento da sua missão exige interação com a humanidade no seus vários
contextos. Jesus de Nazaré cumpriu a sua missão por meio da proclamação, das
boas obras e do enfrentamento - parte do pressuposto do sacrifício.
O exemplo de Jesus de Nazaré, o Cristo, é um chamamento (Mt 20.27,28; Jo
13.15).
Os pastores Dietrich Bonhoeffer, luterano, na Alemanha Nazista; Martin
Luther King, batista, nos Estados Unidos da América, capitalista e
segregacionista; Lászlo Tökés, metodista, na Romênia Comunista, assim como os
profetas que o antecederam, nas suas respectivas realidades, entenderam a
chamada do Cristo ao enfrentamento, por coerência à disposição ao sacrifício.
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